A produção industrial do País apresentou em agosto sinais positivos, ainda que modestos, sob impacto especialmente do bom desempenho do segmento de petróleo e gás e de produtos ligados à exportação e à agropecuária. Houve aumento de 0,9% ante agosto do ano passado – em resultado bastante influenciado pela base de comparação deprimida de 2001 – e de 0,3% ante julho. No acumulado de janeiro a agosto, a indústria teve expansão de 0,5% e, em 12 meses, queda de 0,8%.
Rio
– O chefe do Departamento de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Silvio Sales, considerou um “fator positivo” a estabilidade da produção em meio a uma conjuntura “com fatores de demanda interna pressionando para baixo e clima financeiro desfavorável”. Os dados apontam, segundo ele, que o nível de produção industrial manteve-se “praticamente inalterado” de junho a agosto. Sales destacou também que a indústria de transformação apresentou queda de 0,7% na produção em agosto, ante igual período do ano passado, o que “chama atenção” por causa da base de comparação deprimida de 2001, que a princípio levaria a expansão no indicador. Mas lembrou que houve nesse caso um efeito calendário, já que agosto do ano passado teve um dia útil a mais.Petróleo
A indústria extrativa mineral (especialmente produção de petróleo) tem apresentado desempenho bem melhor do que a transformação e cresceu 14,6%, ante agosto de 2001, acumulando no ano aumento de 12%, enquanto a indústria de transformação registrou queda de 0,9% no período.
O segmento de petróleo está desempenhando um importante papel de “sustentação” da produção industrial no decorrer deste ano, destacou Sales. A produção de petróleo e gás apresentou um crescimento acumulado de 14% de janeiro a agosto e também uma expansão de 16,2% em agosto, ante igual mês do ano passado.
Alguns segmentos ligados à produção agropecuária e voltados para exportação também registraram expansões bem acima da média, como alimentos para animais (9,6% no acumulado e 7,5% em agosto); bens de capital para agricultura (15,9% e 34,5%) e aves abatidas (10,1% e 4,8%).
Apesar do crescimento na produção industrial, 11 dos 20 ramos pesquisados pelo IBGE apresentaram queda. As principais reduções ocorreram em material elétrico e de comunicações (16,9% em especial pela queda na produção de insumos de telecomunicações e de equipamentos para energia elétrica) e meios de transporte (3,4%, em conseqüência da queda nas vendas da indústria automobilística e de autopeças).
Bens de capital
A produção de bens de capital apresentou redução de 10% em agosto (ante igual mês do ano passado), especialmente por causa da queda de 48,4% na fabricação de equipamentos para o setor de energia elétrica, influenciada pela alta base de comparação do ano passado, quando cresceu a fabricação de geradores. Houve queda de 2,3% no acumulado de janeiro a agosto.
Além disso, a redução dos investimentos no setor industrial levou também à queda na fabricação de bens de capital para a indústria, de 3,3% no acumulado de janeiro a agosto e de 12,9% em agosto ante igual mês de 2001. Por outro lado, houve expansão na produção de bens de capital para agricultura (15,9% no acumulado e 34,5% em agosto) e para o setor ferroviário (29,1% e 39,5%).
Tendência
O desempenho geral nos próximos meses estará diretamente vinculado ao comportamento do varejo, avalia Sales. Segundo ele, a situação dos estoques nas indústrias em setembro “é muito mais favorável que meses atrás”, ou seja, estão caindo e, portanto, há espaço para aumentar a produção, desde que ocorra uma demanda do varejo. “Se o comércio mostrar alguma reação, é provável que o ritmo da produção industrial reaja na mesma velocidade”, disse.