Automóveis ficaram em segundo lugar no peso da produção. |
Depois de amargar uma queda da produção automotiva no mês de maio, as montadoras instaladas no Paraná se recuperaram em junho e fecharam o semestre com crescimento bem próximo à média nacional: 14,76% no Estado contra 15% no País. Comerciais pesados (caminhões e ônibus fabricados pela Volvo) puxaram a produção nos primeiros seis meses do ano, com crescimento de 57%. Em seguida, aparecem automóveis de passageiros e uso misto (21,64%) e máquinas agrícolas (1,16%). Já a produção de comerciais leves (camionetas de carga) apresentou redução de 35,05%. Os números foram divulgados ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos no Paraná (Dieese-PR).
O bom desempenho do Paraná no primeiro semestre se deve especialmente ao mês de junho, quando a produção se recuperou e aumentou 64,45% em relação ao mês anterior. O motivo do baixo desempenho havia sido a greve dos funcionários na Volkswagen-Audi, que durou sete dias.
De janeiro a junho, as montadoras instaladas no Paraná produziram 103.150 veículos, incluindo máquinas agrícolas – 13.268 unidades a mais do que o mesmo período do ano passado. Na categoria “automóveis de passeio e uso misto”, a Volkswagen foi a que mais cresceu (45,56%), seguida pela Renault (5,02%). Já a Audi registrou queda de 36,57% na produção.
Na linha “comerciais leves”, a Renault apresentou crescimento de 332,18%. Por outro lado a Volks registrou queda de 100%, com o fim da produção do modelo Saveiro e transferência para outra unidade. No segmento “comerciais leves”, o destaque ficou por conta da produção de ônibus, que aumentou 106,67% no semestre; a produção de caminhões aumentou 53,79%.
Já na linha de máquinas agrícolas, o destaque ficou por conta da produção de colheitadeiras, que cresceu 36,91%. Os tratores registraram queda de 7,72%. De acordo com Algaci Machado, diretor do sindicato e funcionário da Case New Holland (CNH), a redução do número de tratores se deve à falta de peças importadas, como motor e caixa de câmbio. “Acabou atrasando a produção”, afirmou, acrescentando que houve ainda falta de pneus. Já o aumento de colheitadeiras se deve à expansão da agricultura, segundo Machado. Ontem a empresa começou a produzir um novo modelo. A CNH produz diariamente, em média, 60 tratores e 17 colheitadeiras.
Participação nacional
O Paraná respondeu, no primeiro semestre, por 9,65% da produção nacional – participação um pouco menor do que o registrado no ano passado (9,67%). De acordo com o supervisor técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro, a participação do Paraná deve aumentar até o final do ano. “A performance do Paraná ficou bem próximo do Brasil no primeiro semestre. No segundo, deve haver uma produção ainda maior, especialmente em função do Fox”, afirmou, referindo-se ao novo modelo da Volkswagen. De acordo o sindicato, a montadora Volks/Audi produz média de 700 veículos por dia, dos quais 419 são Fox quatro portas. A produção do novo modelo obrigou a empresa, inclusive, a abrir o terceiro turno e a contratar cerca de 1,1 mil funcionários no mês passado.
Quanto à exportação, o Paraná vem registrando uma participação cada vez menor: respondia por 34,72% entre janeiro e junho de 2003 e diminuiu para 31,52% este ano. “Até o final do ano, deve ficar abaixo de 30%”, afirmou Cid. Segundo ele, isso se deve à mudança do perfil de destino da produção automotiva paranaense, que antes se concentrava no mercado externo, e agora, interno.
Nível de emprego
Com relação ao nível de emprego, o número de funcionários contratados pelas montadoras chegou ao patamar registrado em 2000, quando a Chrysler ainda não havia encerrado as atividades no Estado. Segundo o Dieese, há 8.811 pessoas trabalhando nas montadoras instaladas no Paraná, segundo levantamento de junho. Em dezembro de 2003, eram 7.655 e, em dezembro de 2002, 7.283. “O pólo automotivo perdeu empregos em 2001 e 2002, recuperou pouco em 2003 e agora volta ao patamar de 2000”, afirma Cordeiro. Em 2000, eram 8.176 funcionários.
Metalúrgicos abrem campanha
“No Paraná, este é o momento propício para negociar com as empresas. A produção aumentou em todas as fábricas”, afirmou o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Clementino Vieira. A data-base de vencimentos dos metalúrgicos é no dia 1.º de setembro. A categoria já deu o pontapé inicial na campanha salarial e a idéia é encaminhar a pauta de reivindicações às montadoras na semana que vem. “Na sexta-feira, tivemos um seminário interno para conversarmos sobre isso. Devemos finalizar a pauta esta semana e encaminhá-la na semana que vem”, afirmou.
A categoria reivindica reajuste salarial de 15% – relativo à inflação e recomposição do poder aquisitivo -, jornada de 40 horas semanais – que hoje é adotada pela Volvo e Renault, enquanto na Volkswagen-Audi é de 42 horas semanais. Já a Participação de Lucros e Resultados (PLR) deverá ser discutida individualmente com cada empresa. “Não negociamos com o sindicato patronal, mas com empresa por empresa”, afirmou Vieira.
Em junho, as quatro montadoras instaladas no Paraná injetaram quase R$ 11 milhões na economia, na antecipação da PLR. Até o final do ano, devem ser injetados outros R$ 15 milhões. Se for acrescentada a PLR paga pelas empresas fornecedoras automotivas – Bosch, New Hübner, Pirelli, entre outras -, até o final do ano serão R$ 41,4 milhões a mais na economia. (LS)