A situação de produção de álcool, no Paraná, continua a mesma, desde o último mês de novembro. Como reitera o presidente da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná (Alcopar), Adriano Dias, este é um período de entressafra da cana, quando a oferta do produto costuma ser menor. Isso explicaria a alta nos preços do combustível. Porém, na última semana, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Dere) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), houve uma redução no preço do produto repassado pelas usinas. Porém, nos postos do Estado, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o que se vê é um aumento no preço médio ao consumidor.
Em Curitiba, esta média também aumentou. Na semana de 31 de dezembro de 2006 ao último dia 06, o preço médio era de R$1,502; na última semana, até o dia 13, o preço médio era de R$1,538 por litro. No entanto, esse movimento ?contrário? não ocorre em todos os postos. Enquanto a maioria deles vende o litro do álcool a R$1,699 ainda é possível encontrar o produto mais barato. Alguns estabelecimentos estão mantendo o preço ?antigo? de R$1,499 ou até menos, segundo a ANP, por R$ 1,399.
Como argumenta o presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustível do Paraná (Sindicombustível), Roberto Fregonese, essas grandes diferenças fazem parte da concorrência, que ele coloca como ?livre e invejável?. ?O preço é livre. Cada posto faz o preço que acha que deve fazer, podendo até fazer promoção se achar necessário. Depende da companhia, da distribuidora. No entanto, nenhum posto aumenta o preço aleatoriamente, isso acontece ou pela situação de mercado atual, ou por concorrência, ou porque aumentaram seus custos?, afirma.
Questionado sobre a possibilidade da margem de lucro dos postos estar alta, Fregonese diz que trata-se de ?uma alegação infundada. História da carochinha?. Todavia, não é o que mostram as pesquisas e as contas. Entre os últimos dias 7 e 13, segundo a pesquisa da ANP, das distribuidoras para os postos o preço médio do combustível praticado era de R$1,283. Já o preço dos postos para o consumidor era em média R$ 1,528 (ou seja, com margem de 16,03%, sobre o preço da distribuidora). De acordo com o Dieese, a margem normal costumava ser entre 9% e 10%.
Distribuidoras
Continuando com as contas, no mesmo período, de acordo com os dados do Dere, da UFPR, o preço médio do litro do álcool repassado das usinas para as distribuidoras do Paraná era de R$ 0,866. Esse preço médio, segundo a pesquisa da ANP, chega a R$ 1,283 das distribuidoras para os postos (ou seja, com margem de lucro bastante alta, de 32,50% sobre o preço das usinas). Porém, sobre o mencionando o princípio da liberdade, o Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustível (Sindicom), diz apenas que não se manifesta sobre a política de preços adotadas pelas empresas. ?É a prática livre de mercado?, afirmam.
Enquanto revendedores e distribuidoras, segundo os respectivos representantes, são livres e praticam o preço que acham que devem, o consumidor tem liberdade apenas de procurar pelo melhor preço.
Lavoura de cana não vai substituir a de alimentos
Brasília (AE) – O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, afirmou que o governo tem mecanismos para controlar a expansão do cultivo de cana-de-açúcar no País, mas ressaltou que esse é um tema que não preocupa no momento. ?No médio prazo, a demanda mundial por etanol não levará à conversão das lavouras (em cana), pois os preços dos produtos tradicionais são competitivos?, disse em palestra no Instituto Rio Branco, em Brasília. ?O Brasil tem potencial para produzir bioenergia e também alimentos. A conversão das lavouras não é tão simples?, completou. Ele foi questionado por diplomatas sobre uma possível ?transformação? no cenário agrícola do País. A pergunta específica era se não havia risco de o Brasil deixar de ser um grande exportador mundial de alimentos e ter que importar grãos para garantir o abastecimento interno.
O temor expressado pelos diplomatas era de que muitas áreas que hoje são destinadas ao cultivo de grãos pudessem ser ocupadas por canaviais como forma de atender à demanda mundial crescente por etanol. Em alguns municípios, do Centro-Oeste, a cana também assusta. Rio Verde (GO), por exemplo, limitou o plantio de cana e os vereadores de Dourados (MS) avaliam a possibilidade de estabelecer limites para os canaviais. Quem é contrário ao plantio lembra dos problemas ambientais causados pela queima da cana, a pequena geração de empregos, além da possibilidade de instabilidade econômica, já que muitos municípios cresceram sustentados pela produção de grãos.
De acordo com dados apresentados pelo ministro, o plantio de cana-de-açúcar ocupa hoje 5,9 milhões de hectares. Esse volume garante a produção anual de 28 milhões de toneladas de açúcar. A produção de álcool oscila entre 16 e 17 bilhões de litros de álcool. Para dobrar a produção brasileira de álcool, calculou o ministro, seria necessário cultivar mais 2 milhões de hectares com cana. ?Para o Brasil, isso é pouco?, explicou. Hoje, 47 milhões de hectares são plantados com culturas anuais (grãos) e 15 milhões de hectares com culturas permanentes (laranja e café). Seria preciso incorporar seis milhões de hectares para quadruplicar a produção brasileira de álcool, completou.
Para o ministro, a alternativa é destinar áreas de pastagens para o plantio de cana. Números do ministério mostram que 220 milhões de hectares são ocupados por pastagens no Brasil. Essa área abriga um rebanho de 200 milhões de cabeças. ?É possível, por meio de uso de tecnologia, aumentar para dois animais por hectare o número de animais criados nessas áreas?, afirmou.