economia

Procurador do TCU quer barrar socorro à Caixa

A Caixa pode se transformar no ‘novo BNDES’ do governo Michel Temer com a injeção de recursos do FGTS, avaliam os críticos da operação de capitalização de R$ 15 bilhões do banco com recursos do fundo dos trabalhadores. A comparação é uma alusão aos aportes bilionários feitos pelo Tesouro no BNDES a partir de 2009, que “incharam” a capacidade do banco e que passaram a ser cobrados pelo governo no ano passado.

Contrário à operação, que terá ainda que ser aprovada pelo Conselho Curador do FGTS, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Julio Marcelo, alertou que o socorro poderá representar uma reedição do caso do BNDES durante os governos Lula e Dilma Rouseff, que começou com o Tesouro emprestando R$ 12 bilhões e, no final de seis anos, já tinha emprestado R$ 500 bilhões. Esses empréstimos foram usados para turbinar o crédito de empresas e setores durante os governos do PT.

“Esses R$ 15 bilhões autorizados são apenas a ponta do iceberg. Pode chegar a R$ 100 bilhões”, advertiu o procurador que quer barrar a operação com a Caixa. Essa mesma avaliação é compartilhada por integrantes do Ministério da Fazenda, segundo fontes. Essa ala vê um movimento parecido daquele realizado durante a gestão do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, prática que a equipe econômica atual prometeu barrar quando o presidente assumiu o governo. Um integrante da equipe econômica, ouvido pelo Estadão/Broadcast, reconheceu que voltou ao radar o risco de o crédito do banco ser turbinado nesse ano eleitoral.

Defensor do aporte, o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, tem repetido que a operação é importante para garantir programas sociais do governo.

Nesta segunda-feira, 8, o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, acertou com o presidente Michel Temer a liberação de R$ 2 bilhões a Estados e municípios. A concessão desses empréstimos pela Caixa e pelo Banco do Brasil está provocando uma ciumeira entre os governadores e é moeda de troca de apoio para aprovação da reforma da Previdência.

Para o presidente do Insper, Marcos Lisboa, a Caixa não tem funcionado como banco comercial e o governo já teve de aportar recursos diversas vezes. “Agora é o dinheiro do FGTS”, disse. Segundo Lisboa, o banco fez vários empréstimos preocupantes nos últimos anos, e mais recentemente voltou a emprestar para os Estados. “Não deveria. Parece que não aprendemos com a expansão fracassada de recursos públicos por meio de empréstimos no governo anterior”, disse Para ele, a situação parece lembrar os equívocos de bancos estaduais e seus empréstimos nos anos 90. Procurada, a Caixa defende recomposição de seu capital de nível em até R$ 15 bilhões.

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