Problemas na oferta de petróleo podem pressionar até o limite a oferta disponível da commodity, na avaliação da Agência Internacional de Energia (AIE). A entidade afirmou em seu relatório mensal que estaria pronta a intervir para equilibrar o quadro, se necessário.
No fim de junho, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, como a Rússia, concordaram em elevar a produção, a fim de compensar o volume perdido na Venezuela e no Irã. Mas a AIE, entidade que aconselha grandes consumidores, disse que a alta planejada ocorre ao custo de uma redução na capacidade ociosa, que poderia ser “levada até o limite”.
A Arábia Saudita elevou sua produção em 430 mil barris por dia (bpd) em junho, disse a AIE, o que confirma que o reino havia reforçado a oferta mesmo antes de a Opep concordar com isso. Com isso, toda a Opep elevou sua produção em junho em 180 mil de bpd, já que o avanço saudita compensou alguns problemas, como o fechamento de importantes portos do setor de petróleo na Líbia.
O movimento da Arábia Saudita, porém, reduziu sua capacidade ociosa – aquela que pode ser retomada dentro de 90 dias, nesse cálculo da AIE. A capacidade ociosa do país recuou de 2,02 milhões de bpd a 1,58 milhão de bpd, calcula a entidade.
A AIE afirmou que poderia ajudar a dar algum alívio ao quadro, se necessário. A agência monitora a liberação de estoques emergenciais, caso ocorram problemas, uma decisão tomada apenas três vezes desde sua criação, em 1974. “Continuamos em diálogo próximo com grandes produtores e consumidores, tanto dentro quanto fora da família AIE”, disse a entidade. “Monitoramos os acontecimentos no mercado a fim de estar preparados para aconselhar sobre qualquer apoio que possa ser necessário.”
A agência disse que as sanções previstas dos EUA contra o Irã e a prolongada queda na produção da Venezuela se somam a outros problemas na oferta, em locais como a Líbia, o Canadá e o Mar do Norte.
A AIE afirmou que os planos dos Estados Unidos de que ocorra uma redução drástica nas exportações do Irã sugere que estas poderiam ser reduzidas significativamente, em mais de 1,2 milhão de bpd. Em junho, as exportações iranianas recuaram cerca de 230 mil bpd, com corte de quase 50% nas compras europeias. O setor da Venezuela, por sua vez, teve queda de 60 mil bpd na sua produção em junho ante o mês anterior, a 1,3 milhão de bpd, um recuo de 730 mil bpd na comparação anual, afirmou a agência.
Junto com a Arábia Saudita e seus parceiros do Golfo Pérsico, a Rússia deve compensar parte dessas perdas. Sua produção deve avançar 70 mil bpd neste ano e 140 mil bpd em 2019, disse a AIE.
A entidade, porém, adverte não ver sinais de que a produção mais alta em algumas nações possa minimizar os temores de um mercado mais apertado. Segundo ela, a perspectiva para o crescimento da produção de fora da Opep em 2018 foi reduzida levemente, para 1,97 milhão de bpd, com certa perda de impulso no boom do setor nos EUA. Fonte: Dow Jones Newswires.