O litro de óleo diesel está chegando aos postos paranaenses R$ 0,03 mais caro desde ontem, valor que já começa a ser repassado para o preço de bomba nos estabelecimentos. Em nota distribuída à imprensa, a Petrobras alega apenas que o reajuste de 2,11% para as distribuidoras do Paraná e Santa Catarina, trata-se de ?uma decisão corporativa, anunciada a todos os seus clientes?.
Mas em comunicado interno, recebido pelas companhias na noite de sexta-feira, a Petrobras informa ainda que as cotas da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, seriam cortadas em 40% nos próximos abastecimentos, em função de um problema numa torre de destilação da Repar, que ficará em manutenção de janeiro a março de 2004.
A notícia do aumento de preço preocupou principalmente os pequenos distribuidores, que temem ficar de fora do mercado paranaense. ?Todo produto excedente aos 60% que a Repar vai continuar fornecendo terá que vir de outros estados, das refinarias de Paulínia (SP) ou do Rio Grande do Sul, onerando os consumidores do Paraná e Santa Catarina, que se serviam da Repar?, lamenta o presidente do Sindicombustíveis/PR (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados do Paraná), Roberto Fregonese. Só a Esso já trouxe trinta carretas de diesel – quase um milhão de litros – de Paulínia, segundo apurou a reportagem.
Com o reajuste, o preço médio do diesel, nas distribuidoras, saltou de R$ 1,21 para R$ 1,24. Considerando uma margem ao redor de R$ 0,15, o valor médio nas bombas, em Curitiba, passa dos atuais R$ 1,35 – apurados pela ANP – para R$ 1,38 ou R$ 1,39. O presidente do Sindicombustíveis acredita que até o Natal todos os postos terão majorado o preço do diesel. ?É um presente de Papai Noel?, ironiza. ?Com a alta, muitos caminhoneiros vão abastecer em São Paulo. A diferença de R$ 0,03 pode não ser muito expressiva, mas para um tanque de 500 litros, dá R$ 15. Com a redução de produção e consumo, o Paraná vai arrecadar menos ICMS?, aponta Fregonese. Os combustíveis representam hoje 29,4% de toda a receita de ICMS do Estado do Paraná.
Argumentos
Na nota divulgada ontem, a Petrobras diz que ?o mercado de diesel no Paraná tem apresentado um comportamento atípico, com consumo elevado para este período do ano, fato que tem levado, em alguns momentos, a Petrobras a ofertar volumes adicionais em outras unidades do sistema, para abastecimento do mercado de nossa região de influência?. O presidente do Sindicombustíveis/PR discorda da justificativa da Petrobras. ?É engraçado falar em consumo atípico numa época de plantio, quando aumenta o consumo de diesel pelos tratores. A Petrobras está transferindo o ônus dos seus problemas para os consumidores?, declara.
Ainda de acordo com a nota, a Petrobras esclarece que a Repar opera normalmente, entregando todos os derivados, incluindo gasolina e óleo diesel. No comunicado, a Petrobras confirma que fará uma parada programada, no início de 2004, para manutenção na Repar. Salienta ainda que o abastecimento do mercado será mantido normalmente, pelos estoques de produto na Repar ou por deslocamento dos clientes, para retirada dos produtos em outras refinarias.
?O que eles não explicam é que a retirada de produtos em outras refinarias vai onerar o consumidor paranaense, não só no diesel, mas também na gasolina, já que o problema na torre de destilação afeta todos os derivados (óleo diesel, gasolina, querosene, solvente)?, argumenta Fregonese. Ele estima que o frete, para retirar gasolina em Paulínia, acresça o litro do produto em, no mínimo, R$ 0,05 ou R$ 0,06 por litro. Hoje, a gasolina é vendida em Curitiba por R$ 1,97, em média.
