Após almoçar com o presidente Michel Temer, nesta terça-feira, 15, o relator da CPI do BNDES no Senado, Roberto Rocha (PSB-MA), apresentou o plano de trabalho do colegiado. Durante a primeira reunião da CPI, que durou apenas 15 minutos, Rocha disse que o calendário foi elaborado “a várias mãos”. “Terminamos hoje em um almoço uma proposta de plano de trabalho para ser submetida a esta comissão”, disse no plenário da CPI.
No encontro com Temer, que ocorreu às 12h30, também esteve presente o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Em conversa com jornalistas, no entanto, Rocha negou que tenha falado sobre a CPI durante a reunião com Temer e Eunício. A assessoria de imprensa do parlamentar justificou que, depois do almoço com o presidente da República, Rocha participou de um outro almoço com consultores legislativos em seu gabinete para finalizar o calendário. Procurada, a assessoria de imprensa do presidente do Senado confirmou que ele participou da reunião com Temer mas almoçou em seguida com a bancada do PSDB na Casa.
Esvaziada, a primeira sessão da CPI do BNDES durou apenas 15 minutos. Depois da leitura do seu plano de trabalho para as próximas semanas, Rocha pediu que a votação do calendário fosse transferida para amanhã. Na prática, isto deve adiar o início das atividades do colegiado pelo menos até a semana que vem.
Embora o PMDB tenha demorado mais de dois meses para fazer as indicações para compor a CPI, Rocha disse que “nunca houve nenhuma atitude por parte do presidente da República, do presidente do Senado ou do PMDB para evitar a instalação do colegiado”. Ele justificou que a demora ocorreu devido ao então líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), que se recusava a fazer as indicações.
Rocha afirmou que a CPI será “impessoal” e não será focada em apenas uma empresa. Embora não tenha incluído nomes em seu cronograma inicial, Rocha voltou a defender que os donos da JBS, Joesley e Wesley Batista, devem ser convidados ou convocados para depor – no primeiro caso não seriam obrigados a comparecer. Ele disse que também devem ser investigadas empresas como a Odebrecht e a OAS, principalmente apurar negócios no exterior, citando países como Cuba e Venezuela.
“Não achamos adequado fazer a CPI de uma empresa, para não ser pessoal. Nesse rol de empresas que podem ser investigadas está a JBS. Claro que a gente vai chamar (os irmãos Batista), nunca houve nenhuma tergiversação sobre isso, vamos chamar, sim”, declarou, fazendo referência à Comissão Parlamentar Mista da JBS, que ainda aguarda indicações para ser instalada.
Aliados do presidente Temer consideram que o depoimento dos irmãos Batista poderia expor ainda mais o peemedebista, já que a delação dos donos da JBS foi a base da denúncia contra o presidente por corrupção passiva. Questionado se concordava com este entendimento, Rocha negou. “É bom para o País (o depoimento), e se é bom para o País, é bom para o governo”, rebateu.
“Pelo o que vários senadores já me falaram, não tenho dúvida de que os irmãos Batista serão convidados ou convocados a prestar esclarecimentos. Acredito que eles são os mais interessados em fazer isso, o Brasil todo espera que eles possam dar uma explicação sobre seus procedimentos em relação ao uso dos recursos do BNDES, e a oportunidade melhor que tem será essa”, afirmou Rocha.
Em seu plano, ele sugere que os trabalhos sejam divididos em três etapas: audiências públicas com especialistas, oitivas e elaboração do relatório. Para os depoimentos, ele sugere de maneira genérica representantes de órgãos do BNDES, do Banco Central, do Tribunal de Constas da União, do Ministério do Planejamento, de bancos de desenvolvimento estrangeiros, do segmento empresarial e da área acadêmica, sem citar nomes.