O forte estresse visto no mercado de câmbio contaminou os negócios na renda fixa e as taxas cumpriram trajetória de alta na maior parte desta terça-feira. Com o dólar avançando pela quarta sessão seguida, tendo atingido R$ 4,19 nas máximas intraday, vai ganhando força nas mesas de operação o debate sobre o quanto o câmbio pode atrapalhar o ciclo de afrouxamento monetário e comprometer o consenso da taxa em 5% no fim do ano, a despeito do hiato do produto bastante amplo para absorver possíveis repasses cambiais aos preços sem comprometer as metas de inflação.

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Profissionais nas mesas de renda fixa relatam que houve forte zeragem de posições vendidas (stop loss) em vários pontos da curva, o que catapultou o volume. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020, que reflete as apostas para a Selic até o fim deste ano, fechou a 5,395%, de 5,336% na segunda, e o DI para janeiro de 2021 fechou com taxa de 5,58%, de 5,509% no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2023 subiu de 6,591% para 6,66% e a do DI para janeiro de 2025, de 7,061% para 7,14%.

Pela manhã, as taxas oscilavam perto dos ajustes de segunda, mas já no começo da tarde passaram a renovar máximas junto com o dólar. O estopim para o movimento foram declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, ressaltando o caráter “flutuante” do câmbio e que o real não tem tido nenhum movimento atípico em relação a outras moedas emergentes. A fala levou a cotação para R$ 4,19 e, na sequência, o BC chamou leilão de dólar à vista, sem, contudo, informar o quanto pretendia colocar. Com isso, a moeda chegou a virar para queda, e depois voltou a subir, mas de forma moderada para fechar em R$ 4,1575, desacelerando também o ritmo de alta dos DIs.

Jefferson Lima, gerente da Mesa de Juros da CM Capital, afirma que as taxas foram conduzidas pela discussão sobre onde o câmbio pode chegar e atrapalhar a inflação e o ciclo de desaperto monetário. “Por ora, há percepção de que se ficar em até R$ 4,30 ainda há espaço para a Selic chegar a 5%”, disse. Por outro lado, é difícil imaginar que o Banco Central vá ficar queimando reservas para segurar o dólar, justamente quando o mesmo BC admite que o movimento se dá em função do cenário internacional. “Isso traz risco de um ajuste de Selic menor”, disse Lima. “Como estava todo mundo muito doado no mercado de juros, e otimista com o ciclo, desde quinta-feira vem entrando ‘zeradas’ de posição”, completou.

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