Pressa faz produtor de uva sair perdendo

A alta do preço da uva – que chegou a R$ 3,50, o quilo, pago ao produtor de Marialva e região – fez com que muitos viticultores colhessem a fruta antes do tempo. O resultado foi a apreensão de 11 toneladas de uva verde até agora, segundo informações da secretaria de Agricultura do município. O volume – bem maior do que o de safras anteriores – pode aumentar até o final de janeiro, quando termina a colheita. Toda a carga apreendida foi jogada no aterro sanitário da cidade.  

?A uva apreendida não é própria para consumo humano. Ela é ácida, não tem doçura suficiente. E depois que é cortada, não tem maturação, por isso não pode ser enviada para creches, por exemplo?, explicou o diretor-executivo da secretaria de Agricultura de Marialva, José Roberto de Sá. Segundo ele, um decreto municipal, que entrou em vigor em 2004, estabelece que uvas com ?grau brix? – índice de doçura – abaixo de 13 não podem ser comercializadas.

A fiscalização é feita por amostragem e, até agora, cerca de 11 toneladas de uva de 22 produtores já foram apreendidas – na soma dos três anos anteriores, o volume chegou a 15 toneladas, ou seja, cerca de cinco toneladas por safra. ?A gente espera que não haja mais apreensões?, afirmou o diretor. Segundo ele, a fruta verde acaba puxando o preço para baixo e quem perde com isso é o próprio produtor.

Maior preço

O valor pago ao produtor da região – o maior da história – é o que fez o agricultor colher a fruta antes do tempo. ?No ano passado, o preço do quilo começou entre R$ 1,60 e R$ 1,80 e chegou a R$ 2,50. Este ano, começou com R$ 2,50 e chegou a R$ 3,50?, comparou José Roberto de Sá. Depois das festas de final de ano, comentou, a tendência é que o preço caia. Na Ceasa, em Curitiba, o preço da uva Itália subiu 10% em um ano: a caixa com oito quilos custava R$ 22,00, em média, ontem, contra R$ 20,00 um ano atrás.

A boa qualidade da uva produzida em Marialva – considerada capital da uva fina – e a quebra da safra são fatores que elevaram o preço do produto. Segundo o diretor-executivo da secretaria, a previsão era colher 20 mil toneladas nesta safra, mas a produção deve ficar em 16 mil, por conta de chuva e geada que ocorreram em julho e agosto – durante o período de brotação – e da seca em setembro.

Em Marialva, a uva é cultivada por cerca de 750 produtores em 1.450 hectares de área. A atividade emprega aproximadamente seis mil pessoas no município e responde por 50% da receita agrícola. 

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