Um último trimestre do ano bastante forte e 2010 com crescimento singular. É o que previu ontem, em Curitiba, o economista Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

continua após a publicidade

Para ele, o País já deu sinais de recuperação no primeiro quadrimestre do ano e o processo eleitoral do ano que vem deverá, ao contrário de outros anos, movimentar a economia.

No entanto, devido à crise, ele acredita que o emprego ainda irá demorar para voltar a expandir, já que a recuperação dos índices ainda é fruto de ocupações da capacidade ociosa, e não de investimentos.

Segundo Pochmann, o emprego está cada vez mais caminhando para o setor terciário, o que levará a mudanças nas relações trabalhistas, já que fatores como o local e horário de trabalho perderão importância.

continua após a publicidade

“Cerca de 70% das vagas abertas no Brasil estão no setor terciário. Em alguns países, o índice chega a 90%”, afirmou o economista, prevendo que o Brasil está caminhando para atingir níveis parecidos.

Ainda sobre o emprego, o presidente do Ipea lembrou que, devido à crise, o Brasil não deverá alcançar, em 2010, o índice de 50% de trabalhadores “protegidos”, alcançado pela última vez em 1980. “Isso também implicaria na discussão de novas formas de proteção, diferentes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)”, ponderou.

continua após a publicidade

Pochmann comentou, ainda, que a crise resultou de um envelhecimento do sistema econômico atual, conjugado com a falta de um sistema novo e suficientemente maduro.

Para ele, a situação atual está trazendo uma reestruturação econômica e social do mundo, e que o panorama pós-crise consolidará novos pólos de desenvolvimento. Ele apontou a União Europeia e a Ásia como grandes candidatos, mas ressaltou que a América do Sul também pode encontrar espaço neste cenário. “E Brasil pode protagonizar essa integração da região”, completou.

Curso

Pochmann, que é professor no Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), estava em Curitiba para proferir a aula inaugural de um curso de Economia voltado a engenheiros, criado pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR).

O curso, segundo ele, é positivo para ampliar o conhecimento dos profissionais que, assim como na maioria das áreas, tornaram-se “prisioneiros” da formação altamente especializada.