O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, disse ontem acreditar que o Brasil manterá a trajetória de crescimento econômico durante toda essa década.
Segundo ele, o Estado selou um “pacto” com o crescimento de modo que o País passou a não aceitar mais, tendo em vista a conquista do eleitorado, “um voo de galinha” na expansão da economia.
“O crescimento se manterá principalmente por causa do pacto político que foi construído e que vê no crescimento a possibilidade de expansão de todos, do lucro, do emprego, do salário e, como consequência, dos votos”, disse, após participar do debate “Crescimento Econômico e Distribuição de Renda no Brasil”, realizado hoje na capital paulista.
Pochmann explicou que o governo hoje oferece garantias à iniciativa privada para dar segurança nos investimentos. “Por meio de suas políticas, o governo diz ao empresário: ‘Pode investir que eu garanto energia, mão de obra qualificada e crescimento do mercado interno'”, disse, ao afirmar que nem um agravamento da crise internacional vai tirar o Brasil desta perspectiva.
“Há um entrelaçamento entre o investidor e o Estado. E as crises nos têm sido favoráveis, porque levou o País a tomar decisões que não tomaria se não fossem as dificuldades econômicas internacionais.”
Nesse sentido, a decisão inesperada do Banco Central no final do mês passado – que reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual para 12% ao ano – pode estar alinhada com o “pacto com o crescimento econômico”.
De acordo com Pochmann, o BC do governo Dilma Rousseff mostra uma mudança de postura em relação à administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “No governo Lula o Banco Central olhava a inflação do passado. Agora, olha a inflação sob a perspectiva futura”, afirmou.
Ele explica que as decisões do BC só terão efeito sobre a economia brasileira cerca de seis meses adiante. “O BC avaliou que o cenário daqui a seis meses é de pressão natural para redução da inflação. E não dá para esquecermos que o ano que vem tem eleição. Viemos de um crescimento de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) ao ano e em 2011 o crescimento deve ser de 3,5%. Qual será o crescimento no ano que vem com o agravamento da crise?”, questionou. “O governo da presidente Dilma quer crescer”, completou.