O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, destacou hoje que “o sistema de metas de inflação faz coordenação de expectativas de inflação” e não do que será o resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Ele mencionou comentários de analistas feitos recentemente, segundo os quais havia ruídos de comunicação por parte do BC a respeito da condução da política monetária.
Segundo Meirelles, o relatório de inflação de junho é um documento que, em última análise, poderia ser avaliado como uma extensão da ata da reunião do Copom daquele mês, dado que havia grande proximidade de data de suas respectivas divulgações. Mas, na reunião de julho, vários fatos relativos à economia levaram a autoridade monetária a decidir pela elevação da Selic (a taxa básica de juros da economia) em 0,50 ponto porcentual – e não em 0,75 ponto porcentual, como na reunião anterior.
“Vamos analisar a questão para a última reunião do Copom. É uma questão clássica, que foi simplesmente mal entendida por muitos analistas, porque o BC tomou uma decisão na reunião de Copom de 9 de junho, publicou a ata no dia 17 e no dia 27 (publicou) relatório de inflação, portanto, 15 dias antes da reunião seguinte. Muitos analistas viram no relatório, 15 dias antes, uma sinalização importante para a próxima (reunião). Mas o relatório não tem esta finalidade”, disse Meirelles.
“O que é o relatório? Ele é uma expansão, em última análise, da ata. Isto é, houve uma reunião no dia 9 (de junho), dentro de um determinado cenário, e este mesmo cenário foi base para a confecção do relatório seis dias úteis depois da ata, o que é um cronograma absolutamente adequado e, na realidade, um dos mais curtos do mundo.”
Segundo o presidente do BC, o relatório de inflação não deve ter uma visão de “tempo real”. “Mas foi bom que surgisse essa dificuldade para que, mais uma vez, as pessoas possam entender como funciona as normas de governança do banco, que, aliás, estão cada vez mais respeitadas no mundo inteiro”, disse.