Presidente do Banco Central não fala sobre juros

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, procurou minimizar a polêmica sobre um possível aumento dos juros na reunião desta semana (a reunião do Copom começa hoje). Esse poderá ser o sexto aumento consecutivo da taxa desde setembro. Analistas do mercado apostam em uma alta de 0,5 ponto percentual, para 18,75% ao ano.

Segundo Meirelles, a subida ou descida da taxa de juros não é uma característica de países que apresentam mau desempenho. "A taxa de juros reage a uma expectativa do BC sobre o comportamento futuro dos preços", disse.

Meirelles ressaltou que suas declarações não representam nenhum tipo de dica em relação ao resultado da reunião desta semana. "Não estou indicando nada, já estou treinado para não indicar nada, a não ser na ata", afirmou.

Segundo o presidente do BC, a principal questão hoje não deveria ser o aumento dos juros, de acordo com ele, uma decisão técnica, e sim o comportamento dos juros cobrados no mercado. "A taxa de segmento livre do mercado é alta. É preciso pensar no que o País tem que fazer a longo prazo para que ela baixe", afirmou.

Para Meirel-les, a receita para a queda dos juros praticados no mercado é a política monetária adotada hoje. "Todo esse trabalho que está sendo feito, a diminuição de volatilidade e a conseqüente diminuição de riscos são os fatores que vão fazer com que as taxas de juros tenham uma trajetória cadente. Aí sim nós poderemos inclusive unificar devagar os diversos mercados de crédito no Brasil, para que as taxas possam ser similares, no crédito direcionado, livre e externo", disse.

O presidente do BC participou no Rio de um seminário sobre os cenários para a economia brasileira e mundial em 2005. Após a palestra, Meirel-les não quis conversar com os jornalistas, saindo pelos fundos. Ele afirmou ter compromissos em Brasília que o impediam de ficar mais tempo.

Durante a apresentação, o presidente do BC destacou as projeções do FMI para o crescimento brasileiro em 2005, que passaram de 3,5% em setembro para 3,7% em janeiro. Neste mesmo período, as estimativas para o desempenho europeu desaceleraram de 2,2% para 1,7% e da economia japonesa, de 2,3% para 1,1%.

Meirelles voltou a destacar que, na visão do BC, não há crescimento duradouro sem inflação sob controle. "Inflação baixa é condição prévia para crescimento de médio e longo prazos", disse.

Segundo o presidente do BC, de 1990 a 2003, a economia brasileira cresceu 1,8% e a inflação, 161,3%. Os países com desempenhos mais expressivos no período tiveram inflação controlada. A China cresceu 9,2%, com inflação de 5,4%, Cingapura acumulou crescimento de 6,2% e inflação de 1,5%.

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