Presidente do Banco Central defende mais aperto

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, considera que quanto maior for o aperto fiscal melhor será para a economia brasileira. ?Não há dúvida de que na política fiscal no Brasil, quanto maior for o superávit primário, melhor para a política monetária?, disse o presidente do Banco Central, em Tóquio, onde integra a comitiva do presidente Lula.

O superávit primário é o dinheiro que o governo economiza para pagar os juros de sua dívida. Se por um lado a obtenção de superávit exige menores investimentos sociais e em infra-estrutura, por outro o governo sinaliza que terá condições de arcar com seus compromissos com credores.

A meta de superávit para este ano alcança 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por um país).

Nesta semana, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, afirmou que o governo poderá aumentar a meta se o ritmo de crescimento do País for maior do que o esperado hoje.

?Se estivermos muito bem (forte crescimento econômico), a gente deve poupar um pouquinho, igual ao que a gente poupou no ano passado. Foi bom?, disse Levy.

Em 2004, a meta também era de 4,25%, mas a economia no ano superou 4,50%. Aumentar o superávit também neste ano significaria um controle maior da dívida pública. Depois de a dívida ter chegado a 61,65% do PIB em setembro de 2002, o percentual caiu para 51,60% em dezembro de 2004. Os analistas estimam que a relação ficará ao redor de 52% neste ano.

Sem medo da CPI

Meirelles disse ainda que a estabilidade da economia brasileira não corre riscos com as investigações sobre corrupção nos Correios e nem com a formação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para acompanhar o caso.

?A economia brasileira está cada dia mais sólida, está mostrando sinais de fato de que a melhora dos indicadores faz com que a economia não se deixe abalar por ações em outras áreas?, afirmou Meirelles no Japão, pouco antes de reunião ministerial da comitiva brasileira com o gabinete do primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi.

?Isso é que é o importante. O Brasil está crescendo, o Brasil está sólido e o Brasil está na direção certa?, afirmou. Meirelles faz parte da comitiva que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Japão.

O governo tentou até a noite de anteontem retirar assinaturas e evitar a instalação da CPMI dos Correios no Congresso. A oposição, no entanto, saiu vitoriosa e conseguiu evitar que o pedido de CPMI tivesse menos que 171 assinaturas de deputados e de 27 senadores. Com isso, esgotaram-se as manobras regimentais para evitar a criação da CPMI.

A estratégia da base governista era reunir durante todo o dia nomes de parlamentares ?arrependidos? de referendar o pedido de investigação pelos partidos de oposição.

As chances do governo de evitar a CPMI diminuíram sensivelmente com a decisão de deputados do PT de manter suas assinaturas.

Sem uma decisão conjunta do PT, deputados dos demais partidos da base recusaram-se a recuar do apoio. Um apoio dos petistas ao governo seria acompanhado por um movimento do PMDB, partido que contribuiu com 39 assinaturas para a criação da CPMI.

Irã negocia participação na entidade

Membros da OMC (Organização Mundial de Comércio) concordaram ontem em dar início às negociações com o Irã para a entrada do país no órgão que regula o comércio mundial. Os Estados Unidos, país que vem manifestando maior preocupação devido ao possível desenvolvimento de armas atômicas pelo governo iraniano, não se opuseram ontem à decisão da OMC.

A primeira vez que o país do Oriente Médio reivindicou seu ingresso na OMC foi em 1996. Desde então, os EUA bloquearam as pretensões do Irã 22 vezes.

Com a decisão, o Irã já poderá participar das reuniões da OMC como observador. Cerca de 30 países – incluindo Iraque, Rússia e Arábia Saudita – também já estão em negociação para a entrada na OMC, que hoje tem 148 membros.

Processos como esse costumam levar anos. A China, por exemplo, tornou-se um país-membro da OMC em 2001, após mais de 15 anos de negociações.

Os EUA justificavam o bloqueio ao Irã com acusações de que o país fomentaria o terrorismo no mundo e planejaria construir armas nucleares.

Anteontem, o Irã se comprometeu a não desenvolver armas atômicas. O anúncio foi feito após uma reunião realizada em Genebra entre Alemanha, França, Reino Unido e o negociador iraniano, Hasan Rohani.

Os EUA, entretanto, não estão convencidos dos fins pacíficos do programa nuclear do Irã e ameaçam levar a questão ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

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