O diretor-presidente da Vale, Roger Agnelli, anunciou nesta quinta-feira (4), em São Paulo, que a mineradora deverá crescer em torno de 2,3%, em 2009, o que é, praticamente, quase a metade da média alcançada nos últimos anos. Ele avalia que esse desempenho projetado é “bom” diante do cenário de recessão nos Estados Unidos e na Europa. Agnelli justificou que as medidas de ajustes, incluindo o corte de 1.300 funcionários no mundo todo, são necessárias e “não foram tomadas de forma atabalhoada e têm um caráter temporário”.
Para Agnelli está “havendo um pouco de exagero” em torno dessas demissões, porque elas representam um universo pequeno diante do quadro geral de empregados, que chega a 64 mil funcionários. “Esse ajuste de 1.300 foi em função do fechamento de algumas minas de mais alto custo'”, disse, acrescentando que a empresa pretende esperar o comportamento mundial no início do próximo ano para traçar novas metas. Ele evitou comentar sobre a possibilidade de mais cortes de empregos, mas salientou que “se for olhar o mundo inteiro, o Brasil está sendo menos afetado e temos que continuar a trabalhar'”. Na análise dele, a maioria dos empresários acreditava que a crise “não passaria de uma chuva, mas de repente veio a tempestade”.
Segundo o executivo, não há como manter a produção no mesmo nível, porque há uma queda na demanda mundial. Além do impacto sobre a economia internacional provocado pela crise no sistema financeiro, ele destacou que era inevitável ocorrer uma certa desaceleração. “O rítmo que a gente estava seguindo era insuportável, uma vez que não haveria infra-estrutura [para absorver a produção] no mundo”, avaliou Agnelli.
A principal prioridade, na visão dele, deixou de ser inflação, tanto que já há uma queda no preços das commodities, e passou a ser a de evitar uma recessão “estimulando a economia por meio de investimentos”. O diretor da Vale considera que o governo deverá tomar medidas para disponibilizar mais dinheiro para o consumo. E entre as ações, sugere empenho para a definição da reforma tributária, em tramitação no Congresso Nacional.
Em nota oficial, a Vale anunciou que “vai paralisar, por tempo indeterminado, a produção da mina Copper Cliff South”, localizada na província de Ontário, no Canadá, a partir de janeiro de 2009. No mesmo comunicado, a empresa informou que a subsidiária Vale Inco – resultante da canadense Inco – irá lançar um plano mundial de incentivo a aposentadorias. Além das l.300 demissões, anunciadas ontem (3), 5,5 mil funcionários entrarão em férias coletivas.
Segundo a nota, a Vale Inco está lançando um programa de aposentadoria voluntária, até o próximo dia 15 de dezembro, para funcionários com até 29 anos de contribuição previdenciária, em um esforço para a redução de custos. A empresa estima que 350 funcionários se enquadram nessas condições.
De acordo com a Vale, essa medida está associada á queda no consumo mundial por níquel, que já estava em processo de desaceleração por causa da queda de demanda na Indonésia. Isso acabou adiando a intenção da subsidiária de desenvolver um projeto estimado em US$ 138 milhões, no ano que vem. O comunicado revela ainda a paralisação prevista para julho de 2009 em outras unidades do Canadá, que produzem níquel e cobre. De janeiro a setembro, essas unidades geraram 58 mil toneladas de níquel e 39 mil toneladas de cobre.
