O presidente da General Motors do Brasil, Ray Young, que no dia 1º de novembro deixa a direção da filial para assumir a vice-presidência de Finanças da matriz do grupo em Detroit (EUA) sai do País com uma preocupação. O crédito farto para o financiamento de veículos, com prazos para pagamento de até sete anos, pode provocar uma crise financeira semelhante à que ocorre atualmente no mercado imobiliário norte-americano com as hipotecas de risco. "Pode ser o nosso subprime.

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Young acredita que o curto prazo para financiamento de carros é bom para o Brasil, mas teme pelo longo prazo. O banco GM, diz ele, oferece parcelamentos em até cinco anos. ?Não temos planos de ampliar esse prazo?, afirma. No mercado, há bancos e financeiras oferecendo prazos de até 84 meses (sete anos), entrada para fevereiro e a chamada troca com troco. Os financiamentos com prazos longos têm ajudado a indústria automobilística a registrar recordes de vendas, que este ano devem passar de 2,4 milhões de veículos, 25% a mais que em 2006.

O economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, já havia demonstrado essa preocupação. Segundo ele, o consumidor que tem um carro usado que vale, por exemplo, R$ 30 mil, adquire um novo por R$ 50 mil e, com as condições fáceis, em vez de financiar a diferença de R$ 20 mil, financia R$ 30 mil e fica com a diferença para gastar em outras coisas. ?Semelhante ao subprime. O automóvel virou o nosso subprime.?

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