O presidente da China, Hu Jintao, poderá fazer sua segunda visita oficial ao Brasil em abril, no momento em que o comércio bilateral aumenta e os chineses elevam seus investimentos no País. A viagem, ainda não confirmada, deverá coincidir com a segunda cúpula dos países que formam o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), da qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o anfitrião. Na segunda-feira, o subsecretário para Assuntos Políticos do Itamaraty, Roberto Jaguaribe, chegará a Pequim para negociar com as autoridades locais a realização da cúpula. O diplomata terá encontros semelhantes na Índia e na Rússia.

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Hu Jintao esteve no Brasil em novembro de 2004, em retribuição à visita que Lula havia feito à China seis meses antes. Em maio do ano passado, Lula esteve novamente na China. Se confirmada, a visita de Hu Jintao ocorrerá no momento em que a China se consolida como maior parceiro comercial do Brasil e aumenta os investimentos e linhas de crédito ao País. O Banco de Desenvolvimento da China (BDC) concedeu em 2008 financiamento de US$ 10 bilhões à Petrobras, em um contrato que tem como garantia a exportação de petróleo à própria China.

“No ano passado houve um crescimento espetacular do comércio, a intensificação do diálogo político em todos os níveis e nova geração de investimentos e financiamentos da China no Brasil”, disse ao Estado o embaixador brasileiro em Pequim, Clodoaldo Hugueney. Para ele, a relação ficou “mais abrangente e com conteúdo muito mais rico”.

Reflexo disso é a elaboração do Plano de Ação Conjunta 2010-2015, no qual são definidas as prioridades em todas as áreas do relacionamento bilateral, incluindo comércio, investimentos, educação e tecnologia. O texto deveria ter sido aprovado em 4 de novembro, em reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), a principal instituição de negociação de temas que interessam aos dois países. O encontro foi cancelado duas semanas antes, e Brasília e Pequim buscam nova data, ainda no primeiro trimestre de 2010.

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A Cosban é dirigida pelo vice-presidente, José Alencar, e por um dos vice-primeiros-ministros da China, Wang Qishan. O grupo deveria se reunir a cada dois anos. O primeiro encontro foi em 2006, na China, e o segundo estava previsto para 2008, no Brasil, mas foi adiado duas vezes. É essa reunião que os dois lados tentam realizar agora.

A definição da nova data foi dificultada pelo fato de Wang Qishan ter sido designado para coordenar os trabalhos relativos à Expo 2010, que ocorrerá em Xangai a partir de maio. A primeira cúpula do Bric ocorreu em junho de 2009 em Ecaterimburgo, na Rússia, e terminou com uma declaração favorável à maior cooperação entre os integrantes e à ampliação da participação dos emergentes nos organismos multilaterais.

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A segunda cúpula é vista como um avanço na institucionalização do Bric, sigla criada em 2001 pelo economista Jim O’Neill, do banco de investimentos Goldman Sachs. O’Neill previu que os quatro países emergentes terão na metade do século um peso econômico maior que os seis países mais industrializados (EUA, Japão, Alemanha, Inglaterra, França e Itália). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.