Presidente da Abert quer revisão de alíquota

Em nome da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), o presidente da entidade, Daniel Pimentel Slaviero, fez ontem dois pedidos de grande interesse para o setor ao governo. O primeiro, para que se reveja a alíquota de impostos para importação de equipamentos sem similares nacionais necessários à implantação da TV digital no Brasil. O segundo diz respeito às linhas de financiamento para aquisição desses equipamentos, beneficiando especialmente os pequenos radiodifusores. As solicitações aconteceram durante o 24.º Congresso Brasileiro de Radiodifusão da Abert.

Daniel destacou que a medida de redução de impostos, já aprovada no Congresso e também junto às bancadas estaduais, necessita receber destaque para que se torne aplicável. ?Precisamos que isso seja ratificado pelo governo?, disse o presidente da Abert. O assunto já tinha sido tratado durante a abertura do congresso, na noite de anteontem, junto com outro pedido: mais linhas de crédito para essas aquisições. ?Precisamos de linhas de financiamento para equipamentos nacionais e importados. Especialmente para os pequenos radiodifusores. Entendemos estes como dois estímulos fundamentais para a implantação do rádio e da TV digital no Brasil?, destacou.

O dirigente também salientou a palestra do deputado federal Antônio Palocci durante o congresso. ?Ele apresentou um estudo sobre a economia que o setor movimenta. Foi muito importante porque inseriu a radiodifusão no contexto econômico como um todo.?

Os grandes motes do evento, ontem, entretanto, foram a TV e o rádio digitais. ?Sobre a TV, discutimos como estão as questões de implantação, financiamentos e características técnicas?, contou. No que se refere ao rádio, o tema foi a necessidade de migração tecnológica, já enfatizada pelo presidente da Abert durante a abertura do evento como ?necessária à sobrevivência desse meio de comunicação?.

Padrão

Na ocasião, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, informou que poderão ser adotados dois padrões para o sistema de rádio digital: ?Em princípio, o que eu vejo é a possibilidade de cobrir todas as faixas de freqüência (AM e FM), na medida em que se houver uma decisão pelo padrão americano, ainda se pode usar o padrão europeu para o rádio em ondas curtas?. Ele ressaltou ainda que a decisão tem de sair em 90 dias.

Os empresários radiodifusores, porém, demonstraram ontem que já têm uma preferência, o Iboc (In Band On Chanel). ?Optamos pelo Iboc por que é o único sistema que atende às necessidades da radiodifusão brasileira, seja ela pública, privada ou comunitária. É o único que opera em AM e FM na mesma banda e freqüência?, disse o presidente da Abert. Trata-se de um sistema desenvolvido pelo consórcio norte-americano Ibiquity que permite o funcionamento híbrido entre o padrão analógico e digital. Atualmente, o sistema é testado por 12 emissoras comerciais brasileiras.

RCTV

A abertura do congresso da Abert serviu também para a entidade demonstrar sua indignação quanto ao fechamento da emissora venezuelana RCTV, na semana passada, por determinação do presidente Hugo Chávez. A decisão foi criticada por Daniel. Ele reiterou, no entanto, que ?o Brasil não é como a Venezuela?. E acrescentou: ?É inquestionável que temos consolidado o direito da liberdade de expressão, mas devemos ficar sempre vigilantes, sobretudo quando há iniciativas isoladas com o intuito de restringir esse direito?.

Importantes informações de bastidores

Ligia Martoni

Nem só de discursos formais e explanações sobre atualidades do setor foi marcada a abertura do 24.º Congresso Brasileiro de Radiodifusão da Abert. Personalidades da comunicação brasileira também foram lembradas durante o evento, com destaque para o presidente do Grupo Paulo Pimentel (GPP), Paulo Pimentel, citado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva como exemplo de know how no setor e autor de um legado ao meio. Nos bastidores, as conversas davam conta também de apontar a possível sucessora de Lula à presidência: Dilma Rousseff.

O clima de descontração começou antes da abertura oficial, durante a recepção particular do presidente. Limitada a poucas pessoas, contou com importantes representantes da mídia brasileira, como o vice-presidente das organizações Globo, João Roberto Marinho; o bispo Edir Macedo, da Rede Record; Nelson Sirotsky, presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ); Paulo Pimentel, presidente do paranaense GPP; além do amigo pessoal de Lula e diretor brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek.

Logo na entrada da recepção, Paulo Pimentel já era procurado por Lula, referenciado como o avô do presidente da Abert, Daniel Pimentel Slaviero. O assunto que veio à tona, entretanto, foi o futebol, um dos preferidos do presidente da República. Em pauta, a decisão da Fifa de vetar jogos em cidades situadas a mais de 2.500 metros de altitude, que atingiu em cheio a Bolívia.

O papo descolado deu lugar, mais tarde, à solenidade de abertura do congresso. Lula analisou alguns dos principais pontos do discurso de Daniel, em especial a crítica ao fechamento da emissora venezuelana RCTV, e falou ainda sobre a liberdade de imprensa, tema colocado pelo presidente da Abert. Como de costume, o presidente deixou de lado o discurso pronto: preferiu a descontração, destacando a juventude do presidente da Abert em contraste à sua responsabilidade. ?Mas você é muito inteligente, e traz ainda a experiência do avô?, ressalvou o presidente, bem-humorado. Paulo Pimentel ficou em pé para agradecer.

Depois, foi a vez de Roberto Marinho ser homenageado, arrancando lágrimas do filho, Roberto Irineu Marinho, e emocionando a platéia. O presidente do GPP, por sua vez, foi intimado por Lula a aparecer em Brasília. O grupo paranaense mostrou sua força política por meio de Paulo Pimentel, destacando-se em meio aos representantes das grandes redes presentes.

Bastidores

Nos corredores, o destaque ficou por conta dos assuntos políticos. O que se comenta é que os planos de Lula estão focados, agora, em derrubar a reeleição, implantar o mandato de cinco anos, eleger seu sucessor e permanecer lado a lado com o poder. A aposta, portanto, é Dilma Rousseff. Além de viver um bom momento político, a ministra-chefe da Casa Civil também estaria sendo cotada pelo presidente como a novidade que o povo quer.

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