A data é a mais romântica do ano. Flores, jóias, perfumes, CD?s e aparelhos celulares são alguns dos objetos que devem fazer hoje a alegria de inúmeros casais apaixonados. O que poucos sabem é que o presente escolhido está repleto não só de sentimentos sublimes, mas também de impostos. Mais que isso: impostos pesados, que chegam a quase 70% no caso de perfumes importados, e corroem cada vez mais o poder de compra do brasileiro. A constatação é do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), que fez um levantamento mostrando o quanto os namorados pagam de impostos na compra de um presente.
?Infelizmente a população brasileira não tem exata noção do sistema tributário. Mesmo nas datas alegres, as pessoas têm que ter consciência de que não é possível continuar com uma carga tributária tão alta?, afirmou o presidente do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral. ?Se a carga tributária fosse menor, o namorado ou a namorada poderia receber até um presente melhor.?
Conforme levantamento do IBPT, os impostos respondem por 47,25% do preço final de um CD, 41% de um aparelho celular, 48,13% do preço das jóias. O jantar romântico, que muitos saborearam ontem, ou que devem saborear hoje, tem 33,5% de impostos. Nem o vinho, item essencial num jantar a dois, ficou de fora: quase 60% de seu preço vai para o bolso do governo em forma de impostos.
?É uma campanha no sentido de conscientizar a população sobre a alta carga tributária vigente no País. Aproveitamos estas datas, como Dia dos Namorados, Dia das Mães, Natal, Finados, para mostrar que tanto nas horas boas como nas más, as pessoas pagam carga tributária exacerbada?, apontou Amaral.
A atual média de tributação sobre renda, patrimônio e consumo brasileiro é de 38,35%. Isso significa que em um ano de trabalho, 140 dias de atividade são para pagar tributos. ?Se a população tivesse a exata consciência disso, com certeza ela se revoltaria?, comentou. E a carga não pára de aumentar. Em 1986, segundo o IBPT, trabalhava-se 82 dias em um ano para pagar impostos. Em 90, passou para 109 dias; em 95, para 106 dias; em 2000, 121 dias e finalmente em 2005, 140 dias.
Nominalmente, lembrou Amaral, das 16 maiores economias do mundo, o Brasil tem carga tributária maior do que 13, só perdendo para a França e a Itália. ?Mas na avaliação ponderada, em que são considerados custos e benefícios, não tenho dúvidas de que nossa carga tributária é a mais alta do mundo. Nossos serviços públicos são um dos piores?, disse. ?Muitos pensam que imposto é apenas imposto de renda, IPTU, IPVA e se esquecem que existe o ICMS, o IOF.?
Para Amaral, a situação só irá reverter quando houver conscientização por parte da população e mobilização, a exemplo do que ocorreu com a MP 232.
Movimento
Era grande ontem o movimento no comércio de Curitiba, comprovando que muitos deixam mesmo para comprar o presente na última hora. Conforme projeção da Associação Comercial do Paraná (ACP), o volume de vendas este ano deve crescer 4% este ano na comparação com a data no ano passado. Entre os itens mais procurados, destaque para flores, perfume e jantar. No levantamento da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), tanto as vendas como o valor dos presentes devem crescer este ano. ?Os presentes devem se situar na faixa entre R$ 50 e R$ 100, acima um pouco do que vem se registrando nas últimas datas comemorativas, como o Dia das Mães?, apontou o presidente da Fecomércio, Darci Piana. Os ramos que devem apresentar os maiores movimentos, segundo a Fecomércio, são os de perfumaria, aparelhos celulares, vestuário, flores, livrarias e papelarias, além de restaurantes, casas de espetáculos e motéis.
Mais otimistas, os shoppings apostam em crescimento bem superior de vendas. É o caso do Shopping Estação, que aposta em aumento de 64% em volume de venda. No ParkShopping Barigüi, a expectativa de aumento nas vendas é de 16%, enquanto no Shopping Crystal, 5%.