A América Latina foi a única região do mundo onde cresceu a aquisição de contratos de Credit Default Swap (CDS), operação financeira que funciona como um seguro contra calotes de países e empresas. A informação consta de novo levantamento semestral realizado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês).

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O total de CDS contratados na América Latina saltou 30% no 2º semestre de 2013. No resto do mundo, os investidores parecem mais confiantes no futuro da economia e o total de CDS diminuiu quase 15%.

Dados do BIS do mercado de derivativos mostram que no passado recente investidores na América Latina aumentaram expressivamente a contratação da operação financeira que serve de seguro contra os calotes. No fim de 2013, a região contava com estoque de US$ 780 bilhões em CDS, valor 30% maior que os US$ 600 bilhões registrados seis meses antes.

O movimento observado na América Latina chama atenção porque vai em direção contrária ao observado em todas as outras regiões acompanhadas pelo BIS. Com a saída da crise financeira e a retomada da atividade nas principais economias desenvolvidas, investidores parecem mais confiantes no futuro e o estoque de CDS caiu 13,7% em seis meses no total mundial, para US$ 21,02 trilhões no fim de 2013.

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Entre as regiões acompanhadas pelo BIS, o total de contratos contra o calote caiu 25,1% nos países asiáticos exceto Japão, recuou 17,3% no Japão, cedeu 16,4% na Europa e registrou queda de 12,6% nos Estados Unidos. Nos demais países, houve queda do estoque de 3,8% no segundo semestre de 2013.

De acordo com o BIS, a tendência de queda do estoque mundial de CDS é observada já há vários trimestres. No fim de 2007, houve o pico recente, quando o mundo acumulava o equivalente a US$ 58 trilhões nesses contratos. O valor havia caído para quase a metade no fim de 2011, quando estava em US$ 29 bilhões. Agora, recuou ainda mais, para US$ 21 bilhões.

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O CDS é um derivativo financeiro que oferece aos investidores a possibilidade de receber o dinheiro investido em títulos de dívida em caso de calote dos países ou das empresas emissores. Para isso, porém, é preciso pagar um preço à outra parte da operação. Quanto maior a possibilidade de inadimplência, mais caro será esse contrato.

Agências

As 20 maiores economias do mundo tentam reduzir a dependência das agências de classificação de risco. Instituições como Standard & Poor’s e Moody’s estiveram no centro do debate público nos últimos anos por não alertar adequadamente para os riscos da crise financeira. Agora, alguns países se esforçam para criar padrões para avaliar os riscos.

Criado pelo G-20, o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) coordena esse esforço nos últimos anos. O principal objetivo do G-20 é reduzir a dependência das agências que existe atualmente em muitas leis, normas e decisões de governos. Para isso, a entidade sugere que os governos adotem novos processos e legislação para a avaliação dos riscos. Na segunda-feira, 12, durante a reunião BIS, o FSB divulgou um documento com recomendações e os compromissos dos países nesse processo. “O desenvolvimento de planos de ação representa um passo significativo para reduzir a dependência das classificações das agências de rating”, destaca o documento.

O Brasil apresentou um documento com 33 páginas com várias medidas a serem adotadas pelo Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Alinhado com a recomendação do FSB, o BC atualmente desenvolve um método interno para avaliar o risco de crédito dos emissores dos ativos que compões as reservas internacionais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.