Depois de quatro meses do registro de focos de febre aftosa no Mato rosso do Sul e no Paraná, o Ministério da Agricultura informa que o País deixou de ganhar US$ 150 milhões, de outubro a dezembro, se comparado ao mesmo período de 2004. Para o ministério, no entanto, o maior prejuízo foi a desaceleração do crescimento das exportações, que passou de 30% para 5%. Até agora, 56 países suspenderam a compra de carne brasileira.
De acordo com o diretor do Departamento de Assuntos Sanitários do Ministério da Agricultura, Odilson Ribeiro, a situação está mudando e alguns países já estão retomando a compra da carne brasileira, como Argentina e Uruguai, por exemplo. ?O impacto do foco de febre aftosa foi muito pequeno. Os grandes frigoríficos exportadores têm hoje uma capilaridade que permite o remanejamento de sua produção para exportação?, informou.
Ribeiro disse que o Brasil teve inclusive razões para comemorar como, por exemplo, a venda de carne para mais de 150 países. Ele falou que até agora não surgiram novos focos e, se continuar assim, o Brasil pode voltar a se declarar livre da doença daqui a dois meses. ?Depois de seis meses numa região onde os animais foram abatidos e sem ocorrência de novos focos essa região pode ser reabilitada e aí a gente acredita que a grande maioria volte a comprar a carne brasileira sem tantas restrições como atualmente.?
Para o diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, apesar do embargo o Brasil garantiu o primeiro lugar no ranking de exportações sendo o país mais competitivo no setor. ?O Brasil, com mais de 200 milhões de cabeças de gado, genética de ponta, mais de 80 milhões de hectares agricultáveis disponíveis, é hoje e pelos próximos 30 a 40 anos o país mais competitivo, a ponto de produzir um quilo de carne a US$ 0,90?, disse.
Segundo a Abiec, no ano passado o volume de exportações ficou em torno de 2,3 milhões de toneladas, o que rendeu cerca de US$ 3,14 milhões. Um volume 18% maior que no ano anterior. Os países que mais compraram carne brasileira foram Rússia e Egito. Para 2006 a expectativa do governo é de que as exportações cresçam cerca de 10% a 15% em relação a 2005.
Governo argentino declara ?emergência sanitária?
Buenos Aires (AE) – O Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentícia (Senasa) determinou, por meio de uma resolução, declarar o estado de emergência sanitária ?em todo o território nacional?. O motivo do estado de emergência é o surgimento de um foco de febre aftosa no município de San Luis del Palmar, na província de Corrientes, no nordeste do país.
A existência do foco, anunciada oficialmente na quarta-feira, causou o fechamento de diversos mercados internacionais para a carne argentina. Nos últimos três dias, além do Brasil, fecharam suas portas à importação de carne bovina argentina o Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Israel, África do Sul e Rússia.
Analistas calculam que o país perderá neste ano mais de US$ 500 milhões em vendas ao exterior. Além disso, ficarão comprometidas as aberturas dos mercados dos EUA e Canadá, que poderiam proporcionar US$ 300 milhões à Argentina em 2007.
O Senasa também determinou o abate do gado infectado, pertencente à Fazenda San Juan, de propriedade de José Romero Feris, um dos políticos mais famosos do interior da Argentina, notório por envolvimento em dezenas de casos de corrupção. No total, o Senasa sacrificará 70 cabeças de gado. Mas, calcula-se que 3 mil animais poderiam estar infectados em toda a fazenda.
Para tentar deter a expansão da doença, o Senasa também estipulou a instalação de um ?anel? sanitário na região de San Luis del Palmar e municípios vizinhos. Desta forma, ficará proibido o transporte de gado na área. O governador de Buenos Aires, Felipe Solá, afirmou que duvida que a aftosa chegue até sua província, a maior produtora de gado do país.
?Probleminha?
?Um probleminha? foi a forma como o presidente Néstor Kirchner definiu ontem o surgimento de um foco de aftosa na província de Corrientes, no nordeste da Argentina. O ?pequeno problema? custaria ao país perdas entre US$ 250 milhões e US$ 500 milhões em exportações de carne bovina. Além disso, perderia a chance de vender mais de US$ 300 milhões para potenciais mercados que estavam analisando a abertura para a carne argentina, como os EUA e o Canadá.
Desde a quarta-feira, 11 países já declararam a suspensão parcial ou completa das importações que realizavam desse produto proveniente da Argentina. Os analistas sustentam que para o governo Kirchner, o surgimento da aftosa tem seu lado positivo, já que, com a redução das exportações, o produto será redirecionado para o mercado interno, o que causará uma queda do preço da carne.