São Paulo – A Bovespa registrou forte alta nesta segunda-feira e fechou acima dos 18 mil pontos pela primeira vez desde março de 2000. O Ibovespa subiu 2,18% e fechou em 18.061 pontos. Wall Street contribuiu para a alta da bolsa paulista, que foi amplificada pela proximidade do vencimento dos contratos de índice na Bolsa de Mercadorias & Futuros. O índice avançou cerca de 2 mil pontos em apenas nove pregões. O dólar comercial interrompeu ontem uma seqüência de sete baixas consecutivas e fechou em alta de 0,17%, cotado a R$ 2,835 na compra e R$ 2,837 na venda.
A segunda-feira foi de negócios reduzidos devido ao feriado norte-americano do Dia de Colombo. A restrição de negócios em Wall Street acabou por reduzir a liquidez dos negócios no Brasil, além de conter as oscilações da moeda norte-americana. Apesar da alta, o fluxo cambial ficou positivo por todo o dia, graças às vendas promovidas por exportadores. A pressão de compra foi atribuída à ação de credores do Banco Central (BC) em uma dívida de US$ 1,1 bilhão que vence amanhã. Desta vez a dívida será totalmente liquidada, já que o BC identificou baixíssima demanda do mercado por proteção cambial. Aos credores do dinheiro a ser liberado interessa manter o dólar mais elevado amanhã, quando será definida cotação de referência para corrigir a dívida do governo.
Analistas avaliam que o dólar deverá continuar abaixo dos R$ 2,85 nos próximos dias, já que não há fator previsível que inverta a tendência naturalmente. Nem mesmo as compras de dólares efetuadas pelo Banco do Brasil e a não-renovação de dívidas cambiais têm sido eficazes para conter as quedas da cotação. A queda é resultado da combinação entre fluxo cambial positivo e baixa procura por ??hedge?? (proteção). “O dólar só não caiu hoje (ontem) devido à pressão pela Ptax. A tendência é claramente de baixa, já que o fluxo cambial é positivo”, disse um profissional de uma grande tesouraria.
Os ingressos vêm de captações externas e exportações, ou chegam ao País para aplicação no próprio mercado. Um dos destaques do dia foi a divulgação do superávit de US$ 611 milhões da balança comercial na segunda semana de outubro, que levou o acumulado do ano para US$ 18,8 bilhões.
Ao contrário do que ocorreu no mercado de câmbio, a segunda-feira foi novamente de baixas no mercado futuro de juros, que já opera aguardando a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na próxima semana. O Depósito Interfinanceiro (DI) de novembro, que projeta a taxa Selic deste mês, ficou em 19,20% ao ano, contra 19,23% do fechamento de sexta-feira. O DI de abril de 2004, o mais negociado, recuou de 17,78% para 17,71% anuais.
A taxa Selic é hoje de 20% ao ano. A expectativa dos investidores é que o Copom promova um corte entre 1 e 1,5 ponto percentual na taxa básica na próxima semana. Para isso, conta com a expectativa do mercado de inflação controlada e com as baixas do dólar.
Alca
A polêmica envolvendo as negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não tem despertado interesse dos agentes do mercado financeiro e tampouco impactado o dia-a-dia dos negócios. Trata-se de um tema que, segundo analistas e tesoureiros, vem sendo apenas monitorado à distância.
A explicação para tal desinteresse é simples: apesar de ser um tema de extrema relevância econômica e política, a Alca e as negociações para a sua formação ainda são vistas como problemas de médio e longo prazos, sem impacto efetivo no horizonte mais imediatista do mercado financeiro.