A concorrência entre os postos, a guerra de preços praticada pelas grandes distribuidoras e a safra de cana-de-açúcar estão derrubando os preços dos combustíveis em Curitiba. Em um mês, o preço médio da gasolina caiu de R$ 2,56 para R$ 2,47, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ontem, era possível encontrar o litro com preço ainda menor: a R$ 2,29. No caso do álcool, a queda foi ainda mais expressiva: de R$ 1,83 no início de maio para R$ 1,56 na semana passada. A má notícia para os consumidores é que os preços atuais não devem se sustentar por muito tempo.
?São preços promocionais. Podem subir de uma hora para outra?, alertou o empresário Cyriaco Christoval Netto, dono do Auto Posto Fênix, bandeira Esso, no bairro Pilarzinho. No estabelecimento, o litro da gasolina comum era comercializado ontem a R$ 2,29 e o álcool a R$ 1,45. De acordo com o empresário, algumas distribuidoras estão vendendo gasolina abaixo do custo. ?Isso acaba até confundindo o consumidor?, criticou. Segundo Netto, com todos os custos inclusos, o preço final da gasolina deveria ser de R$ 2,49, bem acima dos atuais R$ 2,29. A margem de lucro no posto, segundo o empresário, está girando em torno de 10%.
Concorrência desleal
Para o empresário Marcello Triches, dono do Posto São Paulo, bandeira Ipiranga, no bairro Bom Retiro, o que prejudica o setor é a concorrência desleal de estabelecimentos que permanecem no mercado apenas para ?lavar dinheiro?. ?Eles forçam o mercado para baixo. Em contrapartida, as companhias baixam os custos e trabalham com margem de lucro praticamente a zero. Essa situação não se sustenta por muito tempo?, acredita. Para Triches, os preços atuais devem vigorar ?no máximo por quinze dias.? ?Eu consigo me manter porque não pago aluguel. Mas quem paga, não resiste.?
Para se manter no setor, Triches afirma que é fundamental acompanhar os preços dos concorrentes, nem que para isso precise apertar a margem de lucro – no seu caso, o custo do litro da gasolina é R$ 2,18 e o preço da revenda R$ 2,29. ?Quem não acompanha, não vende?, sentenciou. Segundo o empresário, não existe fidelização, e os clientes estão ?de olho? apenas no preço. ?Apenas 10% dos clientes são fiéis. Os outros 90% abastecem onde é mais barato, nem que a diferença seja de apenas um centavo?, lamentou.
Safra
Já no caso do álcool combustível, a queda do preço está atrelada principalmente à safra da cana-de-açúcar. Apesar disso, o valor está bem mais elevado do que no mesmo período do ano passado. No Posto São Paulo, por exemplo, o litro do álcool era vendido a R$ 1,09 no dia 2 de junho de 2005, e o preço de custo era R$ 0,94 – bem abaixo dos atuais R$ 1,47 (revenda) e R$ 1,39 (custo). Para Marcello Triches, o preço do álcool não deve chegar ao patamar do ano passado. ?O Brasil está exportando muito álcool combustível. Além disso, os carros flex (bicombustíveis) reativou a venda de álcool?, afirmou.
De acordo com o empresário, apesar do período de safra, a queda do preço do álcool não vem sendo repassada à gasolina – apesar de o álcool anidro responder por 20% de sua composição. ?A queda do álcool tem a ver com a safra, mas da gasolina não. O que existe é mesmo a concorrência e a guerra de preços?, salientou.