Os bloqueios de refinarias e as paralisações de caminhões ainda não estão entre as estratégias para conter o preço dos combustíveis na Europa. Consumidores, contudo, já sentem os efeitos do aumento recente do preço do barril de petróleo e da política de não intervenção no mercado. Em alta constante há mais de dois anos, os combustíveis atingiram neste mês preços recordes em países como França e Reino Unido.
Os preços nos postos correspondem ao aumento da cotação do petróleo no mercado internacional. Com a barreira dos US$ 80 por barril do tipo Brent prestes a ser ultrapassada, a variação desde fevereiro já supera os 30% em euros.
A consequência dessa política é a explosão do preço nos postos para o consumidor. Nas últimas dez semanas, os aumentos têm sido constantes, o que levou o diesel a bater recorde em solo francês e britânico.
Outros fatores que influenciam no preço no curto prazo são a taxa de câmbio, a política fiscal nacional, as exigências regulatórias, além de fatores sazonais e de eventuais períodos de redução de estoques.
Segundo o site especializado GlobalPetroPrices.com, que faz acompanhamento e análise do mercado europeu, a cada 10% de altas ou baixas no preço do barril de petróleo, a repercussão é, em média, de 3% na Europa. Para efeitos de comparação, nos Estados Unidos, onde a carga fiscal é mais baixa, o mesmo impacto é de 7%.
Isso ocorre porque, por princípio, quanto mais altas forem as taxas que incidem sobre os preços, menor é a variação da cotação do petróleo ao consumidor final. A expectativa de especialistas é de que, em média, o litro de gasolina feche o ano em 1,29 no conjunto de 36 países europeus, um balanço que inclui todos os maiores mercados do continente.
Já a situação do diesel é ainda mais alarmante. O caso da França ilustra bem o avanço do preço do combustível nos últimos 12 meses. Em alta há nove semanas, o litro do combustível chegou aos consumidores nos últimos dias a 1,46 – superando o recorde registrado em agosto de 2012, de 1,459 por litro. A título de comparação, em julho de 2017 o preço do litro do diesel estava em 0,97.
Sem intervenção. Apesar da alta nos combustíveis, na França não se fala em intervenção na política de preços. Quando acontece, é de forma pontual, em caso de crise aguda, penúria ou anomalia do mercado, e autorizadas por lei por, no máximo, seis meses.
A exemplo do Brasil, as greves podem provocar efeitos importantes na economia, mas a capacidade de paralisação dos caminhoneiros é menor. É que o custo de transporte e distribuição é limitado, e corresponde a cerca de 7% a 8% do preço final do produto. Além disso, a concorrência é elevada – o mercado é aberto a todas as grandes petrolíferas europeias, como Total, BP ou Shell, e o principal meio de suprimento são os oleodutos, que respondem por 50% do total transportado.