Depois de ter caído abaixo de US$ 28 o barril, menor cotação em 12 anos, o petróleo Brent acumula alta de quase 13% nos últimos 30 dias, levando analistas e investidores a questionar se a grande correção recente nos preços chegou ao fim e o fundo do poço ficou para trás. Para os especialistas, a recuperação recente é frágil, ainda vulnerável a correções, caso notícias sobre excesso de oferta inundem o mercado.

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No encerramento da sessão de negócios ontem, o barril do Brent era negociado a US$ 40,44. No curto prazo, um importante gatilho para os preços será a reunião entre nações membros e não membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), marcada para o dia 17 de abril, em Doha. O encontro pretende discutir um acordo global para congelar a produção nos níveis de janeiro deste ano e, com isso, tentar a dar um suporte às cotações do petróleo.

“O que deixaria o mercado confortável, acreditando que o pior já passou, seria um crescimento cada vez menor dos estoques de petróleo nos Estados Unidos”, disse ao Broadcast, o sócio sênior da consultoria Energy Management Institute, Dominick Chirichella. Na quarta-feira, o Departamento de Energia (DoE) dos EUA informou que os estoques de petróleo no país saltaram para 9,4 milhões de barris na, muito além da alta de 2,9 milhões prevista pelos economistas.

Para Chirichella, mais importante do que o acordo para congelar a produção entre países da Opep e os que não participam do cartel será o nível de extração de petróleo americano.

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“Se o estoque de petróleo nos Estados Unidos aumentar em ritmo maior do que o esperado e se a produção não desacelerar, então poderemos ver os preços do barril do WTI caírem de volta para o patamar de US$ 25 ao longo de 2016, mas se os estoques começarem a subir menos, o que aconteceria apenas se a produção americana cair, então poderemos ver cotações entre US$ 45 e US$ 50 o barril”, explicou Chirichella.

Na opinião do economista do Itaú Unibanco Artur Manoel Passos, os preços do petróleo registrados ao fim de janeiro, bem abaixo dos US$ 30, não devem voltar mais.

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“Como as cotações estão acima de US$ 40, dá para dizer que o pior já passou”, afirmou Passos. Ele projeta uma recuperação dos preços até US$ 55 o barril do Brent no fim deste ano.

No médio prazo, segundo Passos, o principal ajuste dos preços acontecerá se houver uma redução na produção de petróleo nos Estados Unidos, o que compensaria uma elevação na produção por parte do Irã.

“O que combinado com um acordo de congelamento de produção pela Opep, somado a uma demanda crescendo ao mesmo ritmo dos últimos cinco anos, eliminaria um excesso de oferta do mercado no segundo semestre”, explicou Passos. “Influenciando os preços no curto prazo será tudo o que confirmar esse cenário de médio prazo, como indicadores de demanda e de oferta, em particular a produção americana.”

Acordo. Para o economista do banco Itaú, o mercado já tem precificado nas cotações um possível acordo de congelamento de produção entre membros e não participantes da Opep, no dia 17 de abril, sem envolver Irã e Iraque.

Segundo ele, fora a Arábia Saudita, apenas o Irã e o Iraque têm condições de aumentar a produção em 2016 e esses dois países já têm dado sinais de que não vão aderir ao acordo.

Para o chefe da pesquisa macroeconômica global da consultoria inglesa Oxford Economics, Gabriel Sterne, os preços do petróleo devem registrar uma recuperação modesta ao longo de 2016, embora ele não descarte riscos de queda nas cotações.

“Isso porque ainda nos preocupa o excesso de oferta global de petróleo”, explicou Sterne. “É cedo ainda para dizer que o fundo do poço chegou, pois as cotações podem cair novamente.”

Ele acredita que a oferta mundial de petróleo seguirá aumentando em 2016, pelo terceiro ano consecutivo, e que um equilíbrio entre oferta e demanda será atingido apenas no final de 2017.

Além de notícias relacionadas à oferta, indicadores da economia chinesa – um importante fator para a demanda mundial – poderão influenciar os preços do petróleo.

Assim, a Oxford Economics, apesar de apostar numa recuperação modesta, projeta que os preços seguirão num patamar enfraquecido enquanto não se atingir um equilíbrio entre oferta e demanda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.