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Esta terça-feira (28) deverá ser decisiva para o bolso do consumidor de hortaliças, principalmente, folhosas e alguns legumes, que são diretamente afetados no inverno. A geada que, neste início de semana, voltou a prejudicar as áreas de cultivo de vários municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), já interferiu nos ganhos dos produtores locais que, nas alfaces e rúculas, por exemplo, viram derreter qualquer possibilidade de lucro.

Por outro lado, isso não impactou nos preços negociados nesta segunda-feira (27) na Central de Abastecimento (Ceasa) de Curitiba. Caso sejam confirmadas as previsões meteorológicas, com geadas ainda mais intensas, perdas ainda maiores tanto na produção da RMC quanto das praças concorrentes devem marcar a terça-feira com reajustes bastante significativos em determinadas hortaliças.

“Não houve aumento nesta segunda devido ao excesso de oferta. Muitos produtores optaram por colher as hortaliças antecipadamente, por temerem a geada que se concretizou, embora tenha sido de fraca intensidade”, avalia o diretor técnico das Ceasa-PR, Valério Borba. “A terça-feira será decisiva para a formação do preço das folhosas e legumes mais afetados com a geada. Como Santa Catarina e Rio Grande do Sul também tiveram perdas, a tendência é de que haja uma alta por conta da disputa com esses estados, ao contrário do que foi registrado na segunda-feira, que, em virtude da boa oferta por conta da colheita antecipada, manteve preço estável”, compara Borba.

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Pelo último levantamento da Ceasa de Curitiba, apenas quatro hortaliças subiram – batata salsa (19%), tomate (16%), batata (13%) e vagem (13%) –, mas os reajustes não foram motivados pela geada.

Tempo de ficar no zero a zero

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No verão, lucra-se, e no inverno, conseguir um empate entre o custo de produção e o preço de comercialização já é bom negócio. Essa é a máxima que rege a rotina os produtores de hortaliças da RMC. Com a chegada do inverno, por vezes, eles trabalham com a margem de lucro zerada e, problemas como a geada, causam estragos ainda maiores nas plantações e na lucratividade de quem produz. Isso porque quando há oferta de outras praças, principalmente de São Paulo, não é possível repassar integralmente o aumento do custo. “Perdi pelo menos uns 200 pés de alface com a geada desta madrugada e a plantação de rúcula derreteu, mas o excesso de oferta impediu qualquer ganho para compensar isso”, conta a produtora Maria Elizabete Cavalli, de Colombo, na RMC. “Dá vontade de chorar quando a gente vê todo aquele gelo branquinho sobre a plantação”, explica. “No inverno o lucro fica próximo de zero. Só não paramos de produzir, porque dá mais trabalho retomar só no verão e a terra precisa ser cuidada o ano todo”, acrescenta o produtor Izailton Leão Cavalli, que também trabalha em Colombo.

O casal passou boa parte da segunda-feira cobrindo com TNT todos os canteiros, a fim de minimizar os efeitos do frio rigoroso e da geada previstos para a semana. Neste ano, eles também adotaram uma cobertura para o solo dos canteiros, que evita a erosão e o crescimento de mato entre as filas de hortaliças. “Com isso passamos de dois para quatro plantios”, celebra Maria Elizabete. Porém, mesmo com esse recurso, o inverno segue sendo a temporada do zero a zero na lavoura. “O faturamento é três vezes menor se comparado ao verão. É o período de apertar os cintos”, avalia a produtora.