A primeira medição do ano dos preços da cesta básica em Curitiba, feita em janeiro pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), detectou estabilidade nos preços em relação a dezembro do ano passado.
O índice, divulgado ontem, ficou em 0,07% e o conjunto dos produtos essenciais para alimentação de uma pessoa durante um mês ficou em R$ 211,99. Nos últimos 12 meses, a cesta básica curitibana acumula baixa de 6,98%.
A maioria dos itens da cesta básica (sete dos 13 pesquisados) teve aumento nos preços em janeiro. O produto que teve a maior alta foi a batata, que aumentou 31,84%, depois de ter passado por uma queda de 17,51% nos preços, em dezembro.
Para o economista Sandro Silva, do Dieese, a alta da batata ainda não tem causa definida, mas a maior possibilidade está nas chuvas, que vêm atrapalhando a colheita, mais concentrada nos meses de dezembro e janeiro.
O segundo maior aumento foi do leite, que subiu 4,47%, depois de ter passado por sucessivas quedas desde agosto. Silva lembra que o litro do produto, que custava em média R$ 2,15 em julho, caiu 26,5% até o final do ano passado, fechando dezembro valendo R$ 1,58. O motivo da alta ainda não foi determinado
Outras altas que mereceram destaque, em janeiro, foram da banana (3,74%, após baixa de 1,21% em dezembro), do pão (3,17%, ante queda de 1,56% no mês anterior) e do açúcar (2,12%, contra baixa de 0,53% em dezembro). A
ssim como no caso do leite, as altas da banana e do pão, ainda não têm causa definida. “O trigo, por exemplo, não subiu”, lembra Silva. Quanto ao açúcar, o período de entressafra explica, em parte, a alta nos preços, que vêm em tendência de alta pelo menos desde o início do ano passado.
Por outro lado, o tomate foi o item que teve a maior redução, de 29,44%. No mês imediatamente anterior, o valor do produto já tinha caído 24,26%. As outras reduções de preço, em janeiro, aconteceram no óleo de soja (-2,08%, que compensaram a alta de 2,12% em dezembro), na manteiga (-1,12%, após -1,65% no mês anterior) e no feijão (-0,37%, depois de -3,23% em dezembro).
Capitais
Com o resultado de janeiro, Curitiba continuou com a oitava cesta básica mais cara entre as 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. O valor ultrapassou o de Belo Horizonte, que teve a maior queda do mês (3,87%), mas foi superado pelo de Florianópolis, onde a alta foi de 1,10%.
A maior alta aconteceu em Goiânia, onde os produtos subiram 4,61%. As cestas básicas mais caras do País estão em Porto Alegre (R$ 236,55) e São Paulo (R$ 225,02), e as mais baratas em Aracaju (R$ 169,13) e João Pessoa (R$ 171,97).
Salário mínimo deveria ser de R$ 1.987,26 em janeiro
O levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ser de R$ 1.987,26 em janeiro de 2010 para suprir suas necessidades básicas e da família.
Esse valor equivale a 3,90 vezes o valor do mínimo, de R$ 510,00, que passou a vigorar no dia 1.º de janeiro deste ano. A constatação foi feita por meio de utilização da Pesquisa Nacional da Cesta Básica do mês passado, feita pela instituição em 17 capitais do País.
O cálculo do Dieese leva em conta a cesta básica de Porto Alegre a mais cara dentre as capitais pesquisadas, de R$ 237,58. E se baseia no preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para garantir as despesas familiares com alimentação, moradia, saúde, transportes, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência.
Em dezembro de 2009, quando o salário mínimo era de R$ 465,00, o menor salário deveria ser de R$ 1.995,91, 4,29 vezes o mínimo então em vigor. Em janeiro de, 2009, o salário mínimo necessário era estimado em R$ 2.077,15, o equivalente a 4,62 vezes o mínimo em vigor à época (R$ 415,00).
Com o aumento de 9,68% concedido ao salário mínimo em janeiro deste ano, a jornada de trabalho necessária para a aquisição da cesta básica caiu para 86 horas e 48 minutos na média das 17 capitais pesquisadas. Em dezembro, essa jornada era de 95 horas e 20 minutos, enquanto em janeiro de 2009 o tempo de trabalho necessário ficava em 114 horas e 26 minutos.