A inflação de bens e serviços monitorados em fevereiro voltou a ficar bem acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mesmo mês, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os preços monitorados subiram 2,37%, quase o dobro do IPCA de 1,22% no mês. Em janeiro, a alta já tinha sido de 2,50%, contra 1,24% do IPCA.
Após a energia elétrica ter sido o destaque da inflação em janeiro, com alta de 8,27%, ao lado dos ônibus urbanos (8,02%), em fevereiro foi a vez da gasolina, que aumentou 8,42% devido ao repasse para as bombas da elevação de impostos sobre o combustível. Nos primeiros dois meses de 2015, a inflação de monitorados já alcançou 4,93%, contra 1,95% da inflação de serviços e 2,48% do IPCA.
“Nesses primeiros dois meses do ano de 2015, os serviços estão abaixo do IPCA geral. Então tem algo impactando mais o IPCA, apesar de serviços continuarem subindo também. O que está impactando mais? Os monitorados, que vinham ajudando no sentido de conter a inflação, e agora estão pressionando”, apontou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Segundo ela, a pressão dos monitorados começou este ano. Em 12 meses, os bens e serviços monitorados já acumulam uma alta de 9,66%, contra uma taxa de 7,70% registrada pelo IPCA.
Março
Os bens e serviços monitorados voltarão a exercer forte pressão sobre a inflação de março, na avaliação de Eulina. “No mês de março, já estão previstos vários aumentos importantes, aumentos de itens que têm um peso significativo no orçamento das famílias, e o principal deles é energia elétrica, que já foi reajustada em todas as regiões metropolitanas não só em termos de tarifas como também na parcela extra que é a bandeira tarifária”, apontou Eulina.
A partir de 2 de março, entrou em vigor a parcela extra das bandeiras tarifárias, que repassa ao consumidor o custo maior pelo acionamento de usinas térmicas. Houve um reajuste médio de 80% no valor da parcela da conta de luz referente à bandeira tarifária, passando de R$ 3,00 para R$ 5,50 por 100 kw consumidos, lembrou o IBGE.
Também a partir de 2 de março passaram a vigorar reajustes no Rio de Janeiro (de 22,50%, em uma das concessionárias), Porto Alegre (de, 22,37% na taxa de iluminação pública e de 22% a 39% nas contas das concessionárias locais), Belo Horizonte (28,80%), no Recife (2,20%), em São Paulo (31,90% em uma das concessionárias), Brasília (24,10%), Belém (3,60%), Fortaleza (10,30%), Salvador (5,40%), Curitiba (26,40%), Goiânia (27,10%), Vitória (26,30%) e Campo Grande (27,90%).
Outras pressões virão de aumentos na taxa de água e esgoto no Recife (8,3%, a partir de 20 de março), Brasília (16,20%, em 1º de março) e Goiânia (2,40%, em 1º de março); ônibus urbano em Porto Alegre (10,85% a partir de 22 de fevereiro), Curitiba (15,78% desde 6 de fevereiro) e Goiânia (17,85% em 16 de fevereiro); e ônibus Intermunicipal em Curitiba (10% desde 8 de fevereiro). “Então março provavelmente vai ser um mês em que a pressão dos monitorados sobre a inflação vai ser bastante forte”, previu a coordenadora do IBGE. Já a tarifa de telefone fixo contribuirá negativamente, devido à redução média de 22% no valor das ligações para telefone, em vigor desde 24 de fevereiro.