O fim da queda de preços agropecuários no atacado entre janeiro e fevereiro deste ano, de -1,56% para 3,24%, levou ao término da deflação de preços mensurada pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que passou de -0,85% no mês passado para 0,54% este mês.

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A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. De acordo com ele, cerca de 55% da aceleração do IGP-10 no período foi motivada pelo comportamento de preços agropecuários no atacado. Entre os destaques, estão os aumentos mais intensos de preços, e fim de deflação, em matérias-primas (commodities) agrícolas de peso expressivo no cálculo da inflação do setor atacadista. É o caso de soja (de 0,66% para 9,37%); trigo (de 2,07% para 7,86%); milho em grão (de 3,50% para 12,22%) e bovinos (de -6,75% para 0,58%).

Porém, os aumentos de preços não ficaram concentrados apenas nas commodities. Também foram registradas altas expressivas de preço, no período, de alimentos processados, como é o caso de açúcar cristal (de 2,10% para 20,69%).

O economista explicou que não há um único fator específico que explique todos os aumentos de preços nos agropecuários, no atacado. Ele observou que esses produtos estão passando, atualmente, por um choque de oferta menor do que demanda, originado de características específicas de cada segmento.

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Outro fator lembrado pelo economista foi a diminuição da intensidade na deflação dos preços industriais no atacado (de -1,47% para -0,45%). “Embora os preços agropecuários tenham contribuído mais para a aceleração do IGP-10, os industriais também ajudaram (para o término da deflação no índice)”, disse. “As commodities industriais, que estavam registrando quedas expressivas no mês passado, estão ajustando sua oferta, caindo menos, ou até subindo em fevereiro”, afirmou.

Tendência

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A trajetória dos IGPs, como o IGP-10, parece ser ascendente. Mas não há, no momento, sinais de possíveis aumentos de preços que possam conduzir a um cenário de inflação descontrolada, ou com resultados mensais próximos a 2%, por exemplo, afirmou Quadros. “Não vejo motivos para isso”, disse.

Na análise do técnico, é possível que o próximo resultado do índice, que será referente a março deste ano, fique um pouco acima da taxa apurada para o IGP-10 de fevereiro, “mas não tão acima”.

Mesmo com sinais de continuidade de possíveis aumentos de preços para o IGP-10 de março, tanto no atacado quanto no varejo, o economista considerou que os fatores registrados até o momento não são suficientes para se dizer que os IGPs estão seguindo uma tendência sustentável de aceleração, no longo prazo. “Ainda é cedo para fazer uma conclusão como essa”, observou.