Gás de cozinha subiu 7,71% em maio.

Os preços administrados e monitorados subiram 1,18% em Curitiba no mês de maio. No acumulado do ano, a alta é de 5,87%, enquanto a variação nos 12 meses é de 9,52%. Os índices são maiores do que a inflação registrada no período. Em maio, o custo de serviços públicos para uma família curitibana foi de R$ 433,12, enquanto em abril havia sido R$ 428,06. Os dados foram divulgados ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e pelo Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR).

A variação dos preços monitorados foi puxada essencialmente pelo GLP (gás de cozinha) 13 kg, que subiu 7,71%. Para Sandro Silva, economista do Dieese-PR, o motivo é o aumento da margem de lucro das revendedoras de gás. Segundo ele, estaria havendo um “realinhamento de preços”, diante da possibilidade de o governo federal autorizar o reajuste dos derivados de petróleo.

Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, a margem de lucro sobre os botijões de gás (diferença entre o preço da distribuidora e da revendedora) passou de 15,89% em abril para 22,17% em maio. “Nas distribuidoras, ao invés de aumento, ocorreu queda de preço no mês, de R$ 23,77 para R$ 23,69 (botijão de 13 kg). Isso reforça a tese de que está havendo aumento da margem de lucro”, afirmou. Nas revendedoras, o preço médio do botijão passou de R$ 28,26 para R$ 30,44. Ainda segundo dados da ANP, a margem média de lucro sobre o botijão de gás em Curitiba é de R$ 6,75 – a maior margem entre as 16 capitais pesquisadas.

Outros itens que impactaram a alta dos preços monitorados foram o transporte coletivo (2,89%) – resíduo da alta autorizada em abril – e o álcool (1,68%) – atraso na colheita e estratégia de mercado para recuperar o preço, de acordo com Sandro Silva. Por outro lado, tiveram queda a gasolina (-0,85%) e o diesel (-0,07%). Os outros 12 itens que compõem a cesta de preços monitorados não tiveram variação em maio.

Gasolina

Sobre o preço da gasolina, Sandro Silva aponta que houve uma redução da margem de lucro, especialmente por conta da concorrência acirrada do setor. Em Curitiba, o litro da gasolina, segundo a ANP, passou de R$ 1,888, em média, em abril, para R$ 1,872 em maio. Assim, o lucro teria caído de R$ 0,18 para R$ 0,15. Entre os 27 estados brasileiros, o Paraná é o que possui a terceira gasolina mais barata, a R$ 1,95 em média o preço do litro. Já no Estado, entre os 31 municípios pesquisados pela ANP, Curitiba é a que possui o menor preço: R$ 1,87, em média, o litro do combustível. Laranjeiras do Sul, na região Oeste, tem a gasolina mais cara: R$ 2,05 o litro. Para Sandro Silva, o fato de Curitiba ter a gasolina mais barata no Estado é sinal claro de que o que vem contribuindo com a queda é a concorrência e a redução da margem de lucro.

Projeção

Em junho, a expectativa é que os preços monitorados tenham variação positiva de 1,04%, impactado especialmente pela energia elétrica -que deve subir no dia 24 deste mês -, com alta estimada de 1,92%, e da gasolina, com aumento esperado de 4,38%. “A variação pode ser ainda maior, caso o aumento do gás de cozinha e da gasolina seja autorizado”, afirmou Silva. Segundo ele, a energia elétrica deve trazer pouco impacto para o mês de junho porque a alta deverá ocorrer apenas no final do mês. O aumento autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de 8,78%. Também o telefone pode subir no final do mês – dia 29 – e, nesse caso, a repercussão acontece apenas em julho.

Inflação em Curitiba é a mais alta

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Curitiba tem no acumulado do ano (janeiro a maio) a inflação mais alta do País, entre as nove regiões metropolitanas pesquisadas, além de Goiânia e Distrito Federal. Em Curitiba, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – índice que se refere a famílias que ganham até oito salários mínimos – acumula no ano alta de 4,86%; a média nacional é 2,63%. Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – índice que se refere a famílias que ganham até 40 salários mínimos – é de 4,09%, enquanto a média nacional é de 2,75%.

De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, a inflação em Curitiba é por conta especialmente do reajuste de energia elétrica – que deveria ter subido em junho de 2003, mas foi reajustado apenas em janeiro de 2004 – e da água, que subiu também em janeiro deste ano e não em dezembro do ano passado.

Já no mês de maio, Curitiba teve a segunda maior inflação do País: 0,90% (INPC) e 0,76% (IPCA), atrás apenas de Porto Alegre, com índices de 1,16% e 0,89%, respectivamente. A média nacional foi de 0,40% (INPC) e 0,51% (IPCA). No mês, a alta da inflação em Curitiba foi especialmente por conta do transporte coletivo e da cesta básica.

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