O superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, afirmou nesta quinta-feira, 26, que os preços administrados “serão de longe” o maior fator de pressão inflacionária este ano. “O preço administrado é de longe o foco da pressão de inflacionária esse ano e isso não vai acabar, vai ter continuação ano que vem”, afirmou.

continua após a publicidade

Uma das principais razões deve ser o ajuste da energia elétrica. “Dificilmente vai se resolver toda a defasagem em um ano só”, reforçou. Segundo Quadros, o impacto na inflação gerado por conta de um possível racionamento de energia ainda precisa ser mensurado e vai depender muito do formato em que essa possível restrição ao consumo aconteça.

“Em 2001, teve uma parcela muito alta de restrição na indústria. Se acontecer agora e ‘cair mais nas costas das famílias’ pode ter um impacto menor na inflação”, explicou, ressaltando que isso desaceleraria o consumo.

continua após a publicidade

Segundo Quadros, além do já esperado impacto dos administrados, a “inércia” nos preços dos serviços também deve influenciar a alta da inflação de 2015. “Neste caso, isso só será mitigado se houver um desaquecimento mais forte do mercado de trabalho”, afirmou.

De acordo com a FGV, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de fevereiro está em 7,74%. “Não quer dizer que vai ficar assim, mas não vai baixar muito deste nível e nem deve voltar ao patamar de dezembro, que foi de 6,76%”, afirmou.

continua após a publicidade

Quadros disse ainda que a influência positiva para minimizar a alta da inflação pode vir do lado dos bens de consumo, que devem ter um comportamento “igual ou um pouquinho melhor do que o do ano passado”.

Ele ressaltou, no entanto, que, neste caso, como estão incluídos as alimentos, há outro fator “incerto” que pode alterar o curso dos preços: a crise hídrica. “Muito se fala que essa questão hídrica pode vir afetar a agricultura”, afirmou. Para Quadros, porém, o comportamento dos preços dos alimentos “não deve ser um motivo de grande preocupação para os próximos meses”. “Administrados e serviços preocupam mais”, reforçou.