Os preços administrados ou monitorados pelo governo foram os principais vilões da inflação no ano passado, segundo o pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) Paulo Picchetti. A inflação de 2004 foi de 6,56% pelo IPC-Fipe. De um grupo selecionado de 15 produtos ou serviços que mais contribuíram para a alta da inflação, que juntos correspondem a 44,5% do total da variação do IPC em 2004, pelo menos nove são geridos de alguma forma pelo poder público.
Por ordem decrescente de importância – da maior contribuição individual para a menor – o preço da gasolina variou 15,51% em 2004; os contratos de assistência médica, +13,1%; gastos com educação, +10,59%; tarifa de energia, +12,92%; conta de telefone fixo, +14,2%; conta de água, +6,72%; cigarros, +14,08%; remédios, +7,5%; álcool combustível, +28,91%; gás de botijão, +6,38%; conta de aparelho celular, +6,18%; linha telefônica, +17,72%; cartão telefônico, +13,7%; correio, +9,37%; óleo diesel, +21,33%.
A forte variação dos preços administrados também é verificada para os últimos dez anos. A Fipe indica que, de julho de 1994 a dezembro de 2004, o IPC teve variação de 154,06%. O item "serviços de utilidade pública", que embute as contas de luz, água e esgoto, gás de botijão e gás canalizado além do imposto predial, teve oscilação positiva de 285,59% no período.
A conta de telefone fixo, ainda de acordo com a pesquisa da Fipe, subiu 706,19% no mesmo espaço de tempo. Picchetti afirma que esse número embute a correção dos preços das tarifas ocorrida por ocasião do processo de privatização das linhas telefônicas, em 1996, que provocou aumentos acima de 100%.