Os preços administrados e monitorados por contrato tiveram redução de 0,29% em janeiro na comparação com dezembro passado. É o que aponta a pesquisa divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócios-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR) em conjunto com o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR).
O recuo, no entanto, não representou necessariamente economia no bolso do consumidor. É que itens como o álcool combustível e o telefone celular, cujas variações de preços são acompanhadas pelo Dieese-PR e o Senge-PR, tiveram aumento, mas eles não compõem a cesta de tarifas públicas analisada. ?Quando a pesquisa começou a ser feita, cerca de quatro anos atrás, esses dois itens não tinham muito importância?, justificou o economista Sandro Silva, do Dieese-PR.
A variação negativa registrada em janeiro veio, sobretudo, do transporte coletivo, que teve queda de 0,71%. O motivo é a tarifa domingueira de R$ 1,00. ?Conforme o número de dias úteis no mês, a variação é positiva ou negativa?, explicou o presidente do Senge-PR, Ulisses Kaniak. Na outra ponta, registraram pequeno aumento a gasolina (0,08%) e o gás de cozinha (0,23%), que já havia sofrido alta de 6,53% em dezembro. Em janeiro, o custo médio dos serviços públicos para uma família curitibana foi de R$ 483,75.
Álcool
O álcool combustível foi o item que mais subiu em janeiro, em Curitiba, passando de R$ 1,569 em dezembro para R$ 1,758, ou seja, alta de 12,05%. ?Desde julho, o preço do álcool não parou de subir. E nem estamos no pior período de entressafra?, destacou Kaniak.
Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em junho do ano passado o litro do álcool era vendido a R$ 1,092, em média, em Curitiba. Em julho, passou para R$ 1,235 e, desde então, ocorreram sucessivas altas que acumularam aumento de 61% no período. Já na comparação do ano (janeiro deste ano com igual mês do ano passado), a alta é de 40%.
?Temos que ser justos: o que pressionou foi o preço na distribuidora e não nas revendas?, ponderou o economista Sandro Silva. Exemplo disso é que a margem de lucro dos donos de postos chegou a cair, no caso do álcool. Em janeiro do ano passado, o lucro por litro era de aproximadamente R$ 0,23 e a margem de lucro era de quase 21%. Já em janeiro último, o lucro médio caiu para quase R$ 0,17 e a margem reduziu pela metade: 10,6%. ?Não há nada excepcional que justifique estes patamares de preços?, criticou Silva.
Na comparação entre 16 capitais brasileiras, Curitiba registrou em janeiro a segunda maior variação no preço do álcool (12,05%), atrás apenas de Florianópolis (12,79%). A capital com menor variação foi Belém (4,13%). Em relação ao preço, Curitiba ocupou a décima posição entre as capitais com o álcool mais caro. O mais elevado foi em Porto Alegre (R$ 2,22) e o mais baixo em São Paulo (R$ 1,49).
De acordo com Sandro Silva, quem abasteceu o carro com álcool em janeiro não fez um bom negócio. ?Em janeiro, o preço médio da gasolina era R$ 2,38. Seria vantajoso colocar álcool se ele custasse menos de R$ 1,67, mas a média apurada foi de R$ 1,76?, analisou.
Expectativa
Para fevereiro, a expectativa é que a cesta de tarifas públicas volte a registrar nova queda, agora de 0,40%. O recente aumento da gasolina – que passou de R$ 2,29 para R$ 2,49 em muitos postos da capital esta semana -, porém, pode reverter a tendência. Em janeiro, o preço médio da gasolina no Paraná foi R$ 2,407 – o quarto menor do País. Já Curitiba (R$ 2,381) registrou a terceira gasolina mais barata do País entre 16 capitais pesquisadas pelo Dieese-PR.