A cesta de preços administrados por contratos, públicos ou privados, teve um aumento em dezembro de 0,11%, em Curitiba, resultando em um acumulado de 4,32% no ano de 2005 (abaixo do IPCA do período, de 5,69% conforme divulgado pelo IBGE – veja na página 25). Os dados foram divulgados ontem pelo Dieese, em parceria com o Senge-PR.
?Acreditamos que as tarifas públicas continuem a pressionar a inflação para baixo, já que há uma relação direta delas com o Índice Geral dos Preços (IGP), diretamente vinculado à queda do dólar?, diz o diretor-presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (Senge-PR), Vinícius Kaniak.
No último mês do ano, o que provocou a alta no preço da cesta de serviços foi o pedágio e o gás de cozinha. O álcool, que não entra no cálculo final da cesta, foi outro produto que apresentou um aumento considerável. ?O aumento no pedágio já era esperado em função da data-base das concessionárias. Já o gás tinha previsão de reajuste desde outubro, com a justificativa de aumento de gastos no setor?, diz o técnico do Dieese, Sandro Silva.
Na análise anual, os grandes vilões dos serviços foram o pedágio (o parâmetro utilizado é o trecho Curitiba-Paranaguá), que subiu 24,71%, a gasolina, com uma ascensão de 10,34%, e a energia elétrica, que aumentou 9,62%. O álcool, mesmo sem fazer parte da cesta, é apontado como um dos produtos que mais vêm subindo, sem uma justificativa plausível.
Espanto
Se a análise comparativa entre 2005 e 2004 não causa maior espanto, quando se retrocede a 1994, ano da implantação do Plano Real, as tarifas públicas e produtos apresentaram índices muito acima da inflação. Em julho de 1994, a cesta de tarifas públicas custava ao cidadão R$ 109,58 reais e hoje custa R$ 385,17, uma variação de 251,5% – a inflação no período pelo IPCA foi de 195,72%.
O principal propulsor do aumento nos últimos dez anos foi o telefone fixo. Uma assinatura básica com 250 pulsos mensais aumentou de R$ 8,00 para R$ 79,00, representando um reajuste de 881,87%. ?Todos os produtos da cesta fecharam acima da inflação na somatória dos últimos dez anos. Daí a queda do poder aquisitivo da população.?