A igualdade dos preços praticados pelos postos de combustível em Curitiba é resultado de uma tabela de custos semelhante e da própria lei de mercado. Pelo menos essa é a afirmação dos proprietários de postos que prestaram depoimento ontem na Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção ao Consumidor (Delcon). Um levantamento do Procon feito no final de agosto com 71 postos detectou um alinhamento de preços. A Delcon comparou a pesquisa do Procon a da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e, a partir dos dois estudos, abriu inquérito contra 190 proprietários de 203 postos por prática de cartel, conforme o artigo 4 da lei 1171 de 1990.
Segundo o delegado que atualmente responde pelo caso, Ricardo Percegona, a pena para esse tipo de crime é de dois a cinco anos de reclusão mais pagamento de multa. Os indiciados ouvidos ontem, no entanto, negaram que exista algum tipo de acordo entre empresários do setor. “Isso não existe. Pelo menos eu não faço. O que existe é sintonia com o mercado. Se os preços ficarem acima dos da concorrência estou morto”, diz Hamílton Bancho, dono do auto-posto Ópera de Arame.
Para Marcelo Bertoldi, proprietário de quatro postos na cidade, os maus empresários são os responsáveis pela preço que o consumidor considera caro. “A grande maioria dos donos de postos tem de competir com alguns que não pagam ICMS e que usam combustível de baixa qualidade e até adulterados. O pessoal sério trabalha com margem de lucro reduzidíssima e, por isso, a diferença fica na casa de centavos”, diz o empresário que pede aos motoristas para que exijam selos de qualidade das distribuidoras. “Separa os bons dos ruins”.