Preço dos combustíveis dispara em Curitiba

Os foliões que aproveitaram o Carnaval fora de Curitiba vão levar um susto na volta para casa. Os preços dos combustíveis dispararam em alguns postos da capital. O litro da gasolina, que custava entre R$ 2,479 e R$ 2,579 antes do feriado, passou para R$ 2,679 na tarde de ontem – ou seja, aumento de quase 13%. No caso do álcool, a majoração foi ainda mais expressiva: o litro, que custava R$ 1,899 até ontem de manhã, passou para R$ 2,179 no meio da tarde. Em um estabelecimento, chegou a R$ 2,199 – aumento de quase 16%. As altas foram verificadas na região das Mercês, mas a tendência é que estabelecimentos de outros bairros acompanhem os preços a partir de hoje.

O aumento dos preços dos combustíveis já estava prevista, mas alguns postos de Curitiba decidiram antecipar a alta. Conforme medida federal, o percentual de álcool na gasolina passa de 25% para 20% a partir de hoje. Com isso, as distribuidoras vão aumentar os preços para os revendedores, que por sua vez vão repassar aos consumidores. Além disso, há o movimento especulativo de que pode faltar álcool combustível no mercado, o que faz com que o preço suba ainda mais.

No Posto Mamoré, bandeira BR, no bairro Mercês, o reajuste de preço aconteceu ontem à tarde. Segundo a funcionária do estabelecimento, o álcool custava R$ 1,89 e a gasolina comum, R$ 2,47. Com o aumento, passou para R$ 2,17 e R$ 2,67, respectivamente. A explicação foi a alta que será promovida pela distribuidora.

Em outro estabelecimento da região, o Posto Criança, da bandeira Texaco, o reajuste ainda não havia sido feito. O litro do álcool estava sendo vendido a R$ 1,90 e o da gasolina a R$ 2,57. No Posto Iguaçu, no bairro Água Verde, os preços nas bombas também não haviam subido até ontem à tarde: a gasolina custava R$ 2,47 e o álcool, R$ 1,79. ?Os preços são os mesmos há cerca de quinze dias?, atestou o frentista Élcio da Costa. Segundo ele, a distribuidora ainda não falou de quanto seria o aumento dos combustíveis a partir de hoje.

Também no Posto Silva Jardim, bandeira Texaco, era possível abastecer o carro com o preço antigo: R$ 2,57, no caso da gasolina. Já o álcool estava custando R$ 1,979. De acordo com o caixa Adir Lopes, mesmo com a alta do preço do álcool, muitos motoristas que têm veículos com motor flex optam pelo produto derivado da cana-de-açúcar. ?Ainda tem muita gente que prefere o álcool, apesar do preço. Alguns dizem que são as concessionárias que recomendam?, afirmou Lopes.

Sendo ou não uma recomendação das concessionárias, a questão é que há muito tempo o álcool deixou de ser uma boa alternativa. Por render menos, só é vantajoso abastecer com álcool se o preço corresponder a menos de 70% do valor da gasolina. No caso do litro da gasolina a R$ 2,67 e o do álcool a R$ 2,17, a proporção é de 81%.

Redução na mistura da gasolina será mantida

O governo manterá até o fim deste ano a redução de 25% para 20% na mistura do álcool anidro à gasolina e, dificilmente, deverá liberar entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão pedidos pelos usineiros para o financiamento dos estoques do combustível.

As duas medidas são encaradas como uma punição aos produtores de álcool pelo não-cumprimento do acordo de janeiro, que estabeleceu teto de R$1,05 no preço praticado nas usinas e pela falta de garantia de abastecimento na entressafra de cana-de- açúcar.

Para evitar novas altas da gasolina, o governo mostrou que pode ainda reduzir a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) incidente sobre o combustível. Como o dinheiro para o financiamento da estocagem de álcool vem de recursos da Cide, os usineiros seriam penalizados duplamente: deixariam de vender mais álcool e pagariam a conta pela arrecadação menor.

Em 2003, quando também houve a redução na mistura, a intervenção durou cinco meses. Com a redução de agora, seriam retirados do mercado entre 1,2 bilhão e 1,5 bilhão de litros de álcool, o suficiente para um mês de abastecimento.

Para o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, há ?um claro movimento especulativo? em relação às ameaças de desabastecimento atreladas às altas nos preços do álcool nos postos. Rodrigues conta que, em janeiro, o governo recebeu garantias de que a oferta de álcool estava compatível com a demanda. No entanto, na reunião da semana passada, os usineiros afirmaram que, ?surpreendentemente?, a compra prevista de álcool pelas distribuidoras para todo o mês de fevereiro, tinha sido consolidada em 12 de janeiro.

O ministro admitiu que a especulação no setor colabora ainda para que surjam notícias sobre o desabastecimento nos postos. Mas, pelos cálculos do governo, até maio, quando todas as usinas do Centro-Sul estarão produzindo, serão ofertados 2,4 bilhões de litros de álcool, soma de 1,6 bilhão de litros de estoques e de, no mínimo, 800 milhões produzidos.

Não estão incluídos nessa conta os 100 milhões de litros que serão economizados com a redução da mistura do anidro à gasolina. O consumo de álcool entre março e abril deve ser de 2 2 bilhões de litros. ?Na hipótese mais conservadora, a oferta e a demanda estão tranqüilamente equilibradas. Não há razão para faltar álcool, pois o estoque é suficiente?, garantiu o ministro.

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