O pão francês, que chegou a aumentar até 30% em alguns estabelecimentos, deve manter o preço estabilizado pelo menos até agosto, quando encerra o prazo da tarifa zero no transporte do trigo importado de fora do Mercosul. É esta a previsão do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Paraná.
?Estamos vivendo um período calmo, mas não dá para dizer sossegado. O trigo é uma commodity, e o fato do Brasil depender da produção de outros países é sempre preocupante?, apontou o presidente do sindicato, Joaquim Cancela.
De acordo com Cancela, o trigo teve alta de 118% no último ano para os moinhos, que repassaram aumento de 86% na farinha de trigo.
Ele lembrou que a saca de 25 quilos de farinha de trigo – insumo que responde por 70% do valor do pão – passou de R$ 27,00 no final do ano passado para R$ 51,00 em maio.
O aumento chegou logo ao balcão das padarias, e o tradicional pãozinho ficou entre 20% e 30% mais caro. ?O setor vivia uma estabilidade de mais de quatro anos sem aumento. O reajuste pegou o consumidor de surpresa, que reclamou com razão.?
Para acalmar os ânimos e frear a alta do pãozinho, o governo lançou uma série de medidas, entre elas a isenção de PIS e Cofins até o fim do ano para trigo in natura, farinha de trigo e pão francês – esses impostos possuíam uma alíquota de 9,25%.
Além disso, o governo decidiu baratear o transporte do trigo importado dos Estados Unidos e do Canadá para compensar a falta de importações da Argentina e estendeu o prazo para importação de trigo de fora do Mercosul com tarifa zero, que passou de 30 de junho para 31 de agosto.
?São medidas paliativas, que não resolvem o problema. Não há uma política séria para o trigo, faltam investimentos. O setor investe em tecnologia, em mão-de-obra, mas falta contrapartida do governo?, criticou Cancela. Em Curitiba, o preço médio do quilo do pão varia entre R$ 6,00 e R$ 6,50. ?É difícil uma padaria séria trabalhar com preço abaixo de R$ 6,00?, apontou.
Argentina
Outra medida também deve segurar o preço do pão francês. Recentemente, a Argentina autorizou a exportação de 100 mil toneladas de trigo ao Brasil. O país disse em comunicado que autoriza os envios ao Brasil de até duas mil toneladas por exportador.
Com as medidas lançadas e o Plano Nacional de Trigo, lançado em abril para estimular o cultivo do produto, o governo estima que a produção para a próxima safra (2008/2009) atinja volume de 4,75 milhões de toneladas, um aumento de 25%.