A proximidade do auge da safra de cana-de-açúcar já está refletindo nos preços do etanol combustível, que estão ficando cada vez mais em conta, no Paraná. No espaço de um mês, os preços médios do litro do produto, que chegaram perto dos R$ 2 no início do ano, caíram para R$ 1,406, na semana passada, de acordo com pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O valor é bastante próximo à média de junho do ano passado, que era de R$ 1,338. Há postos, no Noroeste do Estado, que já comercializam o litro do combustível a menos de um real, refletindo o preço de comercialização nas usinas, que chega a R$ 0,70 por litro.
O superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), José Adriano da Silva Dias, explica que a produção costuma chegar ao seu auge em julho e agosto, e à medida que há mais produto no mercado, os preços caem.
Ele lembra que os preços do etanol, nos próximos meses, também vão depender bastante das políticas do governo federal sobre o setor. No ano passado, lembra ele, os produtores tiveram dificuldade em acessar recursos e liberaram os estoques muito rápido. O valor caiu bastante, mas no final do ano os estoques apertaram e o valor do combustível explodiu nas bombas.
Outro fator que pode afetar o mercado é a produção da cana, que está menor em quantidade e qualidade, na comparação com o ano passado, devido principalmente ao excesso de chuvas dos últimos meses, segundo Dias.
Ele informa que, nesta safra, até o dia 1.º de junho, foram moídas, no Estado, 10 milhões de toneladas de cana, contra 11 milhões em 2009. O rendimento também é inferior: são 124 quilos de açúcar total recuperável por tonelada, contra 133 no ano passado.
A safra atual também deve sofrer pressão do mercado internacional. Os Estados Unidos, que em 2009 compraram 900 milhões de litros de etanol brasileiro, estão com excesso de produção de milho, e o excedente foi utilizado para produzir o combustível. Com isso, os preços caíram e a exportação para aquele país ficou inviável. “Assim, tende a aumentar a oferta do produto aqui”, conclui Dias.
Excesso
A situação foi, inclusive, abordada ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. Ele previu uma queda no preço do etanol para o consumidor no Brasil, o que afetará o produtor nacional.
“Não há muito o que fazer. Não temos frota em outros países que possa absorver esse excesso de etanol que ficará no Brasil”, afirmou. “Esta é uma das razões pelas quais nós acreditamos, no País, que não devemos incentivar tanto o desenvolvimento do carro elétrico e, sim, dos carros flex (bicombustível) e dos veículos coletivos movidos a biodiesel e etanol, para aproveitar de maneira mais eficiente a nossa produção”, explicou.
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