As negociações entre produtores de tabaco e a indústria do fumo estão, este ano, atrasadas e tensas. São dois os motivos: por um lado, a safra 2008/09, objeto da negociação, sofreu com o clima e houve perda de produtividade e queda na qualidade do produto.

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Por outro, a indústria fumageira alega escassez de crédito para financiar a aquisição da safra. Enquanto estes foram, ontem, a Brasília para buscar, junto ao governo federal, uma linha de crédito de R$ 2 bilhões, os produtores pedem mais diálogo, através da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco.

Apesar de produzir fumo em quantidade menor do que os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Paraná responde por uma fatia significativa no mercado nacional.

Segundo a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf-Sul), há pelo menos 37 mil famílias, no Estado, que produzem fumo, principalmente nas regiões centro-sul, centro-oeste e sudoeste. Na região Sul do País, são cerca de 190 mil famílias.

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Segundo levantamentos da Federação, a atual safra do fumo, inicialmente prevista em 760 mil toneladas, aponta uma quebra de 20% em média. No Paraná, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), a estimativa da safra 2008/09 é de 143.967 toneladas – uma queda de produção de 3% em relação à safra anterior (2007/08).

O secretário-geral da Fetraf-Sul, Marcos Rochinski, que também é representante da entidade na câmara setorial, diz que os produtores estão surpresos com a demora nas negociações, já que até mesmo os estoques internacionais estão baixos.

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Mesmo assim, a entidade está orientando os agricultores a evitar vender cedo a safra e a se organizar para uma negociação coletiva. Rochinski informa que, mesmo com os problemas ocorridos durante a safra, há expectativa de reajuste de pelo menos 27% no preço do produto.

Rochinski ainda coloca em dúvida os problemas de crédito alegados pela indústria fumageira: “Já na safra passada, diziam que não tinham lucro, porque o comércio internacional estava ruim. O governo subsidiou a compra, e no final da safra a indústria teve lucratividade maior que muitos bancos, enquanto os produtores tiveram lucros mínimos”, afirma.

Procurado, o Sindicato da Indústria do Fumo (SindiTabaco) esclareceu que não tem poder para responder, pelos seus associados, perante as representações dos produtores na negociação do preço do tabaco relativo à safra 2008/09. “Sendo assim, não atuará como interlocutor da indústria neste assunto, que deverá ser tratado individualmente por cada empresa”, concluiu o comunicado.