Com o litro do diesel beirando os R$ 2 na bomba, no Paraná, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o combustível tem comprometido 45% do valor médio recebido pelos caminhoneiros pelo transporte da safra até o Porto de Paranaguá. Por esta razão, o diesel é apontado como o principal fator de descontentamento entre os motoristas que estão na fila formada no acostamento da BR-277 à espera do desembarque das cargas.
A fila, por sua vez, tem sido a origem de outro problema que tem afetado a rentabilidade dos caminhoneiros: a depreciação da taxa de estadia, garantida pela lei federal 11.442, que estipula o pagamento de R$ 1 por tonelada hora de carga transportada a partir da primeira hora de caminhão parado após a praça de pedágio. Na prática, os caminhoneiros dizem estar recebendo entre R$ 0,30 e R$ 0,40 a tonelada hora.
O Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Paraná (Sindicam-PR) alerta que, se no contrato do frete o valor fixado para estadia for menor do que R$ 1 por tonelada hora, não há como reivindicar mais. “Ao mesmo tempo que a lei determina o valor de R$ 1, ela também coloca uma ressalva para o cumprimento de valores diferentes disso pré-acordados no contrato”, explica o vice-presidente do Sidicam-PR, Laertes José de Freitas. “Muitos caminhoneiros focam na negociação do frete, esquecendo a estadia, e só verificam isso quando já estão na fila”, acrescenta. “Mesmo com a distorção da taxa da estadia e a lentidão da fila, ainda é o diesel o grande vilão no lucro dos caminhoneiros”, pondera Freitas.
Apesar dessas dificuldades, os caminhoneiros têm recebido entre R$ 30 e R$ 50 a mais por tonelada transportada neste período de escoamento de safra. Para caminhões contratados por produtores agrícolas paranaenses para descarregar no Porto de Paranaguá, enquanto na média do ano paga-se R$ 60 por tonelada, nesta época do ano chega-se a uma remuneração superior a R$ 90 por tonelada transportada. A capacidade da maioria dos caminhões fica próxima de 40 toneladas. “É nesta época do ano que o caminhoneiro consegue equilibrar suas dívidas, por isso que é importante fazer valer avanços como o preço da estadia ou o vale pedágio, que foram obtidos para preservar a rentabilidade dos transportadores”, destaca Freitas.
Fila
A questão da estadia ganha dimensões maiores em períodos como os últimos dias desta semana, em que o desembarque parou de acontecer no Porto de Paranaguá, devido às chuvas constantes. Durante esta sexta-feira (11), segundo a Ecovia, o trecho ocupado pelos caminhões teve alguns quilômetros de alagamento, como nos quilômetros 8 e 13. Tanto que a fila chegou até o quilômetro 18 e, depois, continuou a partir do quilômetro 50, onde se formou mais cinco quilômetros de congestionamento. A medida foi tomada devido ao risco iminente de quedas de barreiras.