Preço do álcool cai, mas consumidor não vê

Desde o final de março, o preço do álcool hidratado caiu quase 33% nas usinas do Paraná. O preço médio do litro nas usinas, que era cerca de R$ 0,9648 na última semana de março, passou para R$ 0,6460 na semana passada – preço de venda à vista, sem impostos – , segundo dados da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar), com base no levantamento do Departamento Econômico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A queda, porém, ainda não chegou aos consumidores.

A redução aproximada de R$ 0,33 em três meses ainda não foi repassada pelas empresas distribuidoras – que compram o produto diretamente das usinas e o revendem para os postos -, nem chegou às bombas dos postos de combustíveis nesta proporção. Pelo contrário: de acordo com o monitoramento realizado semanalmente pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), houve um reajuste no preço do álcool, promovido tanto pelas distribuidoras quanto pelos postos em grande parte dos municípios do Paraná no mês passado.

Conforme a ANP, o preço médio do álcool combustível em março era de R$ 1,296 nas distribuidoras do Estado e R$ 1,510 nas bombas. Em abril, saltou para R$ 1,458 (distribuidoras) e R$ 1,652 nos postos. Só em maio, os preços caíram, fechando a última semana a R$ 1,29 (preço médio nas distribuidoras do Paraná) e R$ 1,489, nos postos – ou seja, praticamente os mesmos preços praticados em março.

?Quando o preço sobe nas usinas, elas (distribuidoras) repassam rapidinho. Mas quando cai, demora um tempão. Achamos isso um absurdo?, declarou o vice-presidente da Alcopar, Ricardo Rezende, diretor da usina Sabarálcool. Segundo Rezende, mantida a margem média de lucro das distribuidoras e dos revendedores, o litro do álcool deveria custar entre R$ 1,15 e R$ 1,20 ao consumidor – bem abaixo da média de R$ 1,489 praticada na semana passada no Paraná.

?É algo que não tem cabimento. Se o preço caiu 30% nas usinas, tem que cair também nas bombas?, afirmou, acrescentando que tanto as distribuidoras quanto os postos têm pouca capacidade para estocagem. ?Não poderia demorar mais do que três ou quatro dias para repassar essa diferença ao consumidor final.?

A queda no preço do álcool combustível nas usinas se deve ao período de safra da cana-de-açúcar. No Paraná, quase 20% da safra já foi colhida até agora. A expectativa é que a moagem de cana seja de 42 milhões de toneladas no Paraná este ano, com a produção de 1,68 bilhão de litros de álcool e 2,7 milhões de toneladas de açúcar. Para Rezende, o preço atual do litro do álcool hidratado (R$ 0,6460) não deve durar muito tempo. ?Está abaixo do custo e abaixo do preço internacional (cerca de US$ 0,40 o litro)?, comentou.

Anidro

No caso do álcool anidro – que compõe 23% da gasolina comum -, também houve queda no preço nas usinas do Paraná. Na última semana de março, custava R$ 1,134 o litro, enquanto na semana passada, R$ 0,8243 – ou seja, queda aproximada de 25%. Para o consumidor, a redução está ocorrendo de forma lenta: em março, o preço médio era R$ 2,359 e passou para R$ 2,358 no mês seguinte, conforme dados da ANP. Apenas nas últimas semanas, a queda foi mais significativa. Em Curitiba, por exemplo, era possível encontrar o litro da gasolina por até R$ 2,07 na semana passada.

Preço nas usinas já é o menor em dois anos

(AE) – A queda de 10,45% no preço médio do litro do álcool hidratado nas usinas paulistas na semana passada trouxe o preço do combustível, utilizado nos veículos a álcool ou flex fuel, para o menor valor nominal em dois anos. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), o preço médio do litro do hidratado ficou em R$ 0,60789. Já o litro do álcool anidro, com a redução de 13,74% nas unidades produtoras, custa R$ 0,76416 e é o mais baixo desde setembro de 2005.

De acordo com análise da equipe de pesquisadores do Cepea, as chuvas que atingiram praticamente todo o Estado de São Paulo na semana passada não evitaram a queda nos preços, tamanha a oferta do combustível pelas unidades produtoras no início da safra 2007/2008. Normalmente, as chuvas obrigam as usinas a reduzir a moagem por dificuldade de retirar a matéria-prima dos canaviais.

Com as baixas em São Paulo, as distribuidoras paulistas, de acordo com o Cepea, passaram a evitar a compra de álcool em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, cujos preços ainda eram vantajosos. Como a demora para a entrega do combustível adquirido nos dois estados chega a três dias, o produto pode ficar mais caro e ultrapassar os praticados em São Paulo.

A produção de álcool maior que a de açúcar no início da safra faz com que o combustível esteja em desvantagem na paridade entre os dois produtos do processamento de cana. Cálculos do Cepea indicam que o preço médio do açúcar remunerou 4% mais que o álcool anidro e 22% mais que o hidratado na última semana. Comparando-se os dois tipos de álcool, verifica-se que o anidro remunerou 18% mais que o hidratado nesse mesmo período.

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