O preço da soja no atacado deve se aproximar da estabilidade, após fortes quedas registradas no mês de julho, disse nesta quinta-feira, 07, o superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. “Não vejo nenhuma razão para a soja subir de preço. Mas o ajuste de queda provocado pela informação de que haveria supersafra nos Estados Unidos provocou baixa que durou o mês de julho e agora deve estabilizar. O preço está em equilíbrio”, afirmou.
Em julho, a soja ficou 5,60% mais barata no atacado, resultado da queda dos preços da commodity no mercado internacional diante da perspectiva de boas safras no mundo. Como a soja detém o maior peso dentro do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), ela interfere diretamente na sequência de deflações registradas pelo indicador.
Segundo Quadros, essa queda já está chegando aos derivados da soja. O farejo do grão ficou 5,04% mais barato em julho, enquanto o óleo de soja refinado na indústria caiu 6,69%. “O complexo inteiro de soja está em deflação, contribuindo para o IPA ficar negativo. Essa notícia de supersafra nos EUA retardou processo de saída da deflação (dos Índices Gerais de Preços)”, afirmou.
Outros produtos agrícolas seguiram o mesmo curso, disse o superintendente. Além da soja, o trigo e o milho também devem ter boas safras no cenário internacional. “Formou-se um quadro de otimismo fundamentado”, afirmou.
Trigo
No caso do trigo, a queda de 9,91% no preço do grão no atacado ainda reflete timidamente nos derivados, tanto na indústria quanto no varejo. Por isso, Quadros acredita que farinha de trigo e pão francês, entre outros produtos feitos com a matéria-prima, ainda devem ceder um pouco mais nos próximos meses, assim como o grão em sua forma bruta. “Pode ser que (o trigo) caia mais, e isso que já caiu pode trazer desaceleração no varejo, em pão francês, macarrão, etc.”, explicou.
Os bovinos ficaram 0,54% mais baratos em julho, mas Quadros explicou que o dado representa uma estabilização, após aumentos expressivos em meses anteriores. Nos últimos 12 meses, o aumento é de 20,36%. “Esse aumento está dado, não deve acelerar mais. Há pequenas oscilações, mas não tem uma tendência de alta”, explicou o superintendente.
O único fator capaz de mexer com os preços da carne no mercado interno seria a notícia de que a Rússia pode passar a demandar mais matéria-prima brasileira, em resposta aos embargos impostos a países da União Europeia e aos Estados Unidos. “Seria uma nova frente de demanda, mas temos de ver se isso vai se confirmar”, disse.