Na ?dança? dos preços dos combustíveis, o litro da gasolina comum voltou a disparar em Curitiba. Ontem alguns estabelecimentos de diferentes bairros – como Alto da Glória, Seminário, Água Verde e Portão – haviam reajustado o preço de R$ 2,19 para R$ 2,59, ou seja, aumento de 18%. Para o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustíveis-PR), a alta se deve, possivelmente, à retirada de desconto por parte de algumas companhias distribuidoras.
?Era impossível continuar com o preço a R$ 2,19. Houve uma briga entre as companhias, e os preços eram de custo. Essa situação se estendeu ao longo dos últimos 30 dias, mas uma hora iria acabar?, comentou o presidente do Sindicombustíveis-PR, Roberto Fregonese. ?A retirada de desconto é a única explicação viável para o que aconteceu.?
Segundo Fregonese, o preço de custo da gasolina para uma distribuidora era R$ 2,12 e o preço de venda para os postos variava entre R$ 2,23 e R$ 2,26. Porém, com a guerra de preços praticada pelas principais distribuidoras de combustíveis, algumas companhias estavam vendendo o litro da gasolina comum às revendedoras por até R$ 2,10. ?Infelizmente, é uma prática que está se tornando comum em Curitiba?, lamentou. ?Já é cíclico.?
Apesar da alta, alguns postos de combustíveis continuavam vendendo o litro da gasolina ontem por R$ 2,19 – é o caso do bairro Mercês, onde os estabelecimentos ainda não haviam alterado os preços. A reportagem flagrou, inclusive, o litro da gasolina comum sendo vendido a R$ 2,159. Mas não foi só a gasolina que ficou mais cara. O litro do álcool também subiu, chegando a R$ 1,59 em alguns postos, enquanto em outros ainda era possível encontrar o combustível a R$ 1,19 – ou seja, diferença de quase 35% entre o mais caro e o mais barato.
Não cai
A queda das cotações do petróleo nos últimos meses não deve provocar a redução do preço da gasolina e do diesel no Brasil este ano. A opinião é de analistas do mercado financeiro, que apostam na manutenção da política de reajustes de médio prazo, praticada pela Petrobras desde o início do governo Lula. Segundo projeções de especialistas, a gasolina no Brasil está hoje entre 15% e 20% mais cara do que no exterior.
?A Petrobras ficou grande parte do ano cobrando preços mais baratos e é natural que agora passe um tempo cobrando mais caro?, avalia o analista responsável pela área de petróleo da Ágora Corretora, Luiz Otávio Broad.
A estatal já começou a repassar a queda do preço para produtos menos populares, como nafta petroquímica e querosene de aviação, mas gasolina e diesel permanecem sem alterações desde setembro do ano passado.
A Petrobras confirmou que não há, no momento, decisão de ajustes nos preços. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa afirma que aguarda a estabilização dos preços internacionais para avaliar a necessidade de reajustes. Quando a empresa aumentou os preços pela última vez, as cotações internacionais estavam em nível semelhante ao atual, em torno dos US$ 60 por barril.
