As tarifas de energia elétrica residencial devem saltar 30,3% no próximo ano 2003, segundo o Banco Central. A projeção consta da ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que elevou sua expectativa em 3,3 pontos percentuais em um mês devido à revisão das expectativas para o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), usado para reajuste das tarifas de energia.
A expectativa de alta nas tarifas elétricas, que devem, junto com outros fatores, pressionar a inflação, foi um dos motivos que levou o comitê a elevar de 22% para 25% ao ano a taxa básica de juros (Selic) em sua última reunião, dias 17 e 18.
Os juros altos são usados pelo governo para inibir o aumento dos preços porque encarecem o crédito e limitam o consumo. O Copom prevê também que o GLP deve aumentar 2,0% para o consumidor em 2003, enquanto a gasolina, em contrapartida, pode ficar mais barata.
Segundo o comitê, a expectativa é que o preço da gasolina caia 3,8% no próximo ano – isso, se o Congresso não aumentar a Cide (Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico). Em dezembro, a Câmara dos Deputados aprovou uma autorização para um reajuste máximo da Cide para a gasolina, de R$ 0,50 por litro para R$ 0,86 por litro. Caso o Senado ratifique o aumento, o reajuste deve ter impacto direto sobre o IPCA (Índice de Preços ao Consumido Amplo) da ordem de 1 ponto percentual, diz a ata.
Já os preços administrados por contrato e monitorados pelo governo, segundo o Copom, devem subir 13,0% em 2003 – uma revisão para cima em 0,9 ponto percentual da expectativa registrada em novembro.
Para 2004, o comitê projetou uma inflação de preços administrados de 7,60%, supondo que todos esses itens sigam os reajustes do IGP-M para aquele ano.
Já a projeção para o “spread” (diferença dos juros cobrados pelos bancos) de seis meses sobre a taxa Selic, seguindo a especificação do modelo baseada no método de estimação por correção de erros, parte de 320 pontos base (3,2 pontos percentuais) no primeiro trimestre de 2003 e atinge 120 pontos base negativos no fim do ano.
Com isso, o Copom revisou para cima sua expectativa de inflação para 2003, sem entretanto informar o número projetado. Já as expectativas do mercado para a inflação do próximo ano, segundo dados coletados pelo BC entre instituições financeiras, passaram de 9,8% em novembro para 11,0% em dezembro. Desde setembro, a mediana das expectativas para a inflação dobrou.
Para o comitê, a revisão foi provocada pela avaliação de que existem alguns setores com repasse cambial represado, o que pressionaria a inflação dos preços livres em 2003, pela incerteza em relação à condução futura da política monetária e pela manutenção da inflação devido aos altos índices registrados no último trimestre deste ano.