A cesta básica em Curitiba iniciou 2011 com queda de 2,79%, interrompendo a sequência de altas nos preços que vinha sendo registrada desde setembro pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O recuo fez com que o valor desembolsado pelo consumidor da capital passasse dos R$ 243,97 pagos em dezembro, para R$ 237,17 em janeiro. Na comparação entre as cidades analisadas, Curitiba foi registrou a maior queda no preço da cesta básica.
São Paulo, que ficou em segundo lugar nesse quesito, apresentou uma baixa de 1,47%. O produto de maior peso no recuo verificado em janeiro foi a carne que, em Curitiba, diminuiu 6,75%.
O economista do Dieese-PR, Cid Cordeiro, diz que é muito cedo para apostar em uma tendência de queda nos preços dos alimentos que compõem a cesta básica. “”Finalmente a cesta básica em Curitiba apresentou uma queda, porém está muito longe de devolver os patamares de preços existentes antes da disparada ocorrida em 2010. A queda no valor pago pela grande vilã do ano passado, a carne, teve como principal motivo a redução da demanda em janeiro, visto que o orçamento das famílias, tradicionalmente, fica mais comprometido com o pagamento de tributos e as compras de materiais escolares”, pondera.
De fato há uma grande distância entre os valores praticados em janeiro deste ano e janeiro de 2010. O volume de carne consumido em um mês, que na metodologia aplicada pelo Dieese correspondem a 6,6 quilos, custou R$ 97,61 para o trabalhador em janeiro deste ano.
Em 2010, a mesma quantidade era adquirida em Curitiba, na média, por R$ 79,86, uma diferença de R$ 17,75 que precisou ser compensada por um incremento de cinco horas e 19 minutos na jornada de trabalho no mês. No ano, esse item acumula 22,23% de alta. Vale destacar que, no mesmo período, a renda média do curitibano teve um incremento de 10%.
Evolução
Na comparação com o valor final da cesta básica na capital, no intervalo de 12 meses o preço saltou de R$ 211,99 (em janeiro de 2010) para R$ 237,17 (janeiro de 2011), alta de 11,88%, ou seja, também acima da evolução da renda e bem acima dos índices de inflação.
“O ganho de preço nos alimentos em 2010 foi ocasionado pelas commodities, que tiveram as cotações internacionais muito valorizadas, e as condições climáticas. Esses dois fatores seguirão ditando o comportamento dos preços neste ano, por isso que ainda é difícil afirmar que essa queda permaneça nos meses que virão”, explica Cordeiro. “Se não houvesse tais variáveis, o caminho natural dos preços dos alimentos seria acompanhar a variação da inflação”, complementa.
Essa constatação encontra amparo na listas dos produtos com maior alta acumulada nos 12 meses. Produtos que refletem no mercado interno os preços internacionais acumularam ajustes bem acima da inflação e do ganho de renda. O açúcar, por exemplo, subiu 18,65%. O óleo de soja, por sua vez, teve alta de 12,71%.