Pratini ameaça com confisco de milho

Rio

  – O ministro da Agricultura e Abastecimento Marcus Vinícius Pratini de Moraes, criticou duramente a desvalorização cambial na abertura de reunião da comissão de febre aftosa ontem no Rio de Janeiro. O ministro atacou desde os produtores de milho até a Petrobras, que reajustou os preços dos combustíveis há três semanas. “Por que a gasolina tem que aumentar quando aumenta a taxa de câmbio, sendo que a maior parte da gasolina é produzida em território nacional? Temos que acabar com a dolarização quando ela decorre de aumentos completamente estapafúrdios.”

Sobre os produtores de milho, entretanto, restou a maior parte da saraivada de críticas feitas pelo ministro quase que em tom de campanha eleitoral . “Eu não sou o encarregado pelos preços e nem autorizado a mexer na taxa cambial, mas, como ministro da Agricultura, sinto e lamento o efeito perverso da taxa cambial, que está afetando diretamente o povo brasileiro.”

Mesmo depois de anunciar a realização de leilões para a aquisição de milho no mercado, na tentativa de abastecer a região Nordeste que está enfrentando falta do produto, o ministro não descartou em entrevista a possibilidade de confisco de estoques privados de milho, caso a especulação no setor continue agindo. “Houve muita especulação com o milho e a decisão do Ministério foi promover a aquisição para atender prioritariamente as necessidades de abastecimento do Nordeste. Não descarto nenhuma opção para conter a especulação. Optamos por enquanto por uma saída na qual o problema é mais agudo. Se os produtores não soltarem o milho, podemos buscar outras soluções, entre elas o confisco”, disse, alegando que alguns produtores poderiam estar retendo o milho para obter melhores preços com o que chamou de “dolarização da economia brasileira”.

Aftosa

O Brasil deve ter hoje a confirmação dos Estados do Sul como área livre de febre aftosa. O nível, que permite ao País vantagens na exportação da carne bovina, já havia sido obtido pelo Brasil nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul em 2000, mas foi suspenso pela Organização Internacional de Epizootias (OIE) depois da descoberta de novos focos entre 2000 e 2001. Agora, o Brasil deve recuperar a posição livre de aftosa após a reunião da organização, que acontece amanhã no Rio. A reunião está marcada para às 16 horas e faz parte da agenda programada para a reunião da comissão de febre aftosa da OIE, que pela primeira vez acontece fora da sua sede em Paris.

Segundo o ministro, além da liberação dos Estados do Sul para nomenclatura de “Estados livres de aftosa”, a reunião no Rio também tem como fator importante o pedido oficial de inclusão de Rondônia nessa área livre da doença. A autorização para que Rondônia seja integrada à área, entretanto, deve sair somente na próxima reunião do Comitê Central da OIE, em maio em Paris. Pratini disse que a previsão é de que em 2005 todo o País seja considerado livre da aftosa.

Ele lembrou que nos últimos três anos foram investidos US$ 2 bilhões pelo governo federal, Estados e pelos pecuaristas para atingir o nível de qualidade do setor. “Estes investimentos permitiram que o Brasil dobrasse suas exportações de carne nos últimos três anos e se continuarmos neste mesmo ritmo podemos dobrar novamente estas exportações nos próximos três anos”, comentou.

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