A produção brasileira de celulose está estimada em 16,5 milhões de toneladas ao final de 2015, o que representa um crescimento de 3,77% na comparação com 2014, quando atingiu 15,9 milhões de toneladas. Os dados foram revelados nesta terça-feira, 6, por Carlos Farinha, vice-presidente da Pöyry, em evento do setor.
Farinha comentou que a expansão ocorre, principalmente, com as fábricas da Eldorado, em Três Lagoas (MS); da Suzano, em Imperatriz (MA) e da CMPC Celulose Riograndense, em Guaíba (RS), atingindo plena produção.
Segundo dados recentemente divulgados pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), no acumulado de janeiro a agosto deste ano, a produção de celulose atingiu 11,277 milhões de toneladas, o que correspondeu a um avanço de 5,1% em relação ao mesmo período do ano passado. As exportações nos oito primeiros meses do ano também subiram, 8,6%, para 7,473 milhões de toneladas e as importações no total de 2015 tiveram alta de 3,3%, para 283 mil toneladas.
Atualmente, Fibria e Suzano correspondem a 53% da participação total do setor, sendo que a Fibria possui 29% e Suzano 24%. Na sequência aparece a Eldorado, com 9%. “A concentração vai aumentar ainda mais, porque a Fibria inaugura expansão da fábrica e a Eldorado também”, disse Farinha, referindo-se às expansões das plantas industriais das duas empresas localizadas em Três Lagoas (MS).
No mercado global, Farinha destacou que a América Latina representa quase 80% do aumento da produção mundial de celulose fibra curta, sendo o Brasil responsável por boa parte deste porcentual.
O executivo da Pöyry destacou que o principal destino da celulose brasileira é a produção do papel tissue (fins sanitários), imprimir/escrever e papel cartão. Até 2030, a produção mundial de papel deverá alcançar cerca de 482 milhões de toneladas, com uma taxa de crescimento anual de 1,1%. A maior expansão de demanda deverá ocorrer na Índia, seguida por China, África, América Latina e Rússia.
“Quando há aumento do PIB (Produto Interno Bruto) per capita, aumenta também o consumo de papel e papel cartão per capita. Onde as massas aumentam o poder aquisitivo, cresce também o consumo de papel”, disse Farinha, alertando, no entanto, que os países em desenvolvimento são compostos por população jovem, que tem maior aceitação de meios de comunicação digitais, o que reduz a demanda por papéis Imprimir/Escrever.
Os maiores produtores mundiais de papel e papel cartão, segundo as informações da Pöyry, são: International Paper, APP/Sinar Mas, Nine Dragons, UPM, Stora Enso, Oji e Nippon Paper.
No Brasil, os maiores produtores de papel tissue são Mili, Santher, CMPC-Melhoramentos, Sepac, Kimberly-Clark, entre outros. “Há uma clara desconcentração deste segmento”, disse Manoel Neves, gerente de estudos econômicos da Pöyry. Do total de tissue consumido no Brasil, papel higiênico representa 74%, em seguida aparece toalha de mão (17%), toalha multiuso (6%), guardanapos (3%) e lenços (0,3%). “Há clara tendência de crescimento dos papéis para fins sanitários”, disse Neves.
Desafios
Apesar da crescente demanda e produção de celulose, Farinha destacou alguns desafios da indústria brasileira. “A pressão vem da dependência da exportação da commodity. Tem que pensar no que fazer para não ficar tão dependente”.
O vice-presidente da Pöyry mencionou ainda os elevados custos de produção e logística no Brasil, além do impacto da alta da inflação no custo da madeira e no preço da terra.