A caderneta de poupança perdeu para a inflação nos dois anos do governo Lula, aponta um levantamento da consultoria Economática. A aplicação mais tradicional e popular do País acumulou uma rentabilidade negativa de 1,6% em dois anos. O estudo usou o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado). Nos últimos cinco anos, a poupança só conseguiu render mais do que esse índice de inflação em 2003, quando teve um pequeno ganho real de 2%. Mas essa variação positiva foi insuficiente para cobrir a perda do ano anterior (12%).
"Hoje, o investidor informado e ágil foge da poupança, que tem esse rendimento medíocre e só sobrevive por causa da tradição. Não há como competir com outros produtos, como fundos DI e CDB", diz o presidente da Economática, Fernando Exel.
Para ele, a melhora do rendimento da caderneta depende de uma mudança na fórmula de sua rentabilidade. Livre de impostos, o remuneração mensal da poupança segue a variação da TR (Taxa Referencial) mais juros de 0,5%. No ano passado, a Caixa Econômica Federal prosseguiu com estudos para criar incentivos para a caderneta.
"Não faz parte da estratégia dos bancos privados valorizar a poupança, pois as regras do SFH (Sistema Financeiro de Habitação) são engessadas. Tornar a poupança mais atrativa depende do interesse político do governo", afirma Exel.
Os índices de ações aparecem como as melhores aplicações nos últimos dois anos, segundo o estudo da consultoria. Um dos destaques é o índice que reúne os papéis das empresas que se comprometem a respeitar os direitos dos pequenos acionistas.
O IGC (Índice de Governança Corporativa) rendeu 103% no período, acima do desempenho do Ibovespa, principal indicador da Bovespa, que acumulou uma rentabilidade real de 90,3% desde 2003.
O dólar oficial (Ptax), calculado pelo Banco Central, teve a pior performance, com perda de 38,5% em dois anos, seguido pelo ouro (-21,1%) e o euro (20,3%). Principal referência do mercado de renda fixa, o CDI-Over (Certificado de Depósito Interbancário de um dia) remunerou o investidor em 17,2%.
O levantamento da Economática não usou o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, porque o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não divulgou ainda o resultado fechado de 2004.
