Após perder para a inflação durante quatro anos consecutivos, a caderneta de poupança, considerada a aplicação financeira mais tradicional e popular do país, deve fechar 2003 no azul, oferecendo um pequeno ganho real aos seus investidores. De janeiro a novembro, o rendimento da poupança supera a inflação medida por dois índices: 3,2% em relação ao IGP-DI (Índice Geral de Preços -Disponibilidade Interna) e 2,2% na comparação com o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado).
Ou seja, descontando a alta dos preços no período, a poupança conseguiu manter uma rentabilidade positiva, mas ainda insuficiente para cobrir as perdas dos anos anteriores (mais de 12% só em 2002).
Os dados foram divulgados ontem pela Economática, consultoria especializada em informação financeira, que analisou o desempenho da poupança desde 1990.
Inflação sob controle
A rentabilidade da caderneta segue a variação da TR (Taxa Referencial) mais juros de 0,5% para cada período de aniversário (30 ou 31 dias). O desempenho positivo desse ano só foi possível devido ao recuo da inflação, obtido pelos juros elevados e pela economia estagnada, que inibem a alta dos preços. O governo Lula subiu a taxa Selic em janeiro e fevereiro e só começou a cortar o juro em junho.
Nos 11 primeiros meses deste ano, a poupança rendeu 10,34% nominalmente (sem descontar a inflação). Para se ter idéia, no mesmo período, a principal carteira de ações da Bovespa acumulou uma rentabilidade de 77,6%, consolidando-se como o investimento mais rentável de 2003.
Aplicação segura
No entanto, especialistas lembram que a poupança é uma aplicação mais segura, enquanto investir na Bolsa oferece mais riscos e exige monitoramento constante das tendências do mercado. Além disso, a poupança está isenta do pagamento do imposto de renda.
Além do ressarcimento da CPMF (?imposto do cheque?) e isenção do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o poupador pode conseguir isenção de tarifas e até redução de juros no cheque especial, como acontece na Caixa Econômica Federal. Apesar dessas vantagens, os saques feitos nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em quase R$ 14 bilhões neste ano, até outubro. Especialistas atribuem o movimento aos investidores que buscam rendimentos maiores. O governo já admitiu que busca formas de deixar a poupança mais atrativa.
