O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta segunda-feira, 22, em entrevista ao canal “Me poupe!”, do YouTube, que a poupança do Brasil é “muito baixa”. “E quando a poupança é baixa, a gente tem menos dinheiro para financiar o investimento”, acrescentou.
Goldfajn defendeu a necessidade de elevação da taxa de investimento entre famílias, empresas e o próprio governo. “Não tem nada demais em alguém se endividar. Mas tem que fazer de forma responsável. Poupar mais significa investir mais. Investir mais significa crescer mais”, disse.
O presidente do BC pontuou ainda que a retomada do crescimento no País começou via consumo, mas os investimentos também já estão retornando. “Hoje não basta ter só consumo. Em algum momento, tem que ter investimento”, disse.
Selic
Durante a entrevista, Goldfajn também foi chamado de “homem do facão”, por ter promovido forte redução da Selic (a taxa básica de juros) em 2017, para o piso histórico de 7,00% ao ano. “Mas às vezes a gente vai cortar (os juros), e às vezes a gente não vai cortar”, ponderou. “No ano de 2017, de fato, promovemos o maior corte da taxa de juros no Brasil.”
Goldfajn pontuou que a queda da inflação, de 11% para menos de 3% no ano passado, permitiu a baixa da taxa de juros. “Isso é importante. A queda da inflação veio junto com a queda dos juros.”
O presidente do BC também destacou ao canal a importância da educação financeira, que entrou no currículo básico no Brasil. Ao mesmo tempo, ao responder uma questão de espectador, afirmou que existe uma “segurança grande” no investimento em títulos públicos via Tesouro Direto.
Em outro momento da entrevista, Goldfajn abordou as chamadas moedas sociais, que costumam ser adotadas em pequenas comunidades. “É quase às vezes como uma bolsa. É um certificado, é algo para comprar produtos. Não tem problema nenhum”, disse.
Por outro lado, Goldfajn fez ressalvas em relação às criptomoedas, como o bitcoin. “A posição do BC é de que a gente não vai proibir, mas alertamos: são moedas que não têm lastro, não têm garantia”, afirmou. “É algo que subiu muito e acho que amanhã pode cair muito. Você que está pensando nisso, leve em consideração que tudo que sobe e não tem nenhuma garantia pode cair.”
Goldfajn também destacou medidas tomadas pelo BC na área de cartões de crédito, como a proibição de um cliente ficar mais de 30 dias no rotativo no cartão de crédito. “Outra medida é a informação das pessoas, os cadastros pessoais. Temos projeto para democratizar essa informação, que é o cadastro positivo”, disse.